Estava muito curiosa para ler o livro 50 Tons de Cinza, da
escritora E. L. James. Muito "barulho" estava sendo feito em relação
ao livro, algo que me deixou curiosa e intrigada para saber o que de tão
interessante o livro tinha em suas 480 páginas. Ainda não estava ciente do
conteúdo sexual do livro, mas o que despertou a vontade de lê-lo foi quando li
em algum site/revista que James escrevia fanfics baseadas nos livros de
Stephenie Meyer. Não sou fã da obra Crepúsculo e já não preciso mais citar no
blog os motivos do meu desgosto em relação à saga dos vampiros brilhantes, mas
confesso que fiquei ainda mais curiosas sobre o livro depois de saber que James
escrevia aquelas famigeradas estórias feitas por fãs, e que logo de cara
conseguiu seu primeiro livro e de quebra emplacá-lo na lista dos mais vendido.
Já com o livro em mãos, e já ciente do conteúdo erótico,
resolvi ler o livro com a mente aberta, afinal admiti para mim mesma que
coragem a escritora possuía restava saber se também possuía talento. Assim que
acabei de ler o primeiro capítulo do livro, parei e pensei comigo mesma: hoje
em dia qualquer coisa realmente faz sucesso. Sendo completamente sincera com
vocês, leitores do blog, mas fazia tempo se não anos que lia um livro tão mal
escrito e vago. Nem mesmo os livros da Saga Crepúsculo expressaram tamanho
descontentamento em minha pessoa.
Sinopse: Quando
Anastasia Steele entrevista o jovem empresário Christian Grey, descobre nele um
homem atraente, brilhante e profundamente dominador. Ingênua e inocente, Ana se
surpreende ao perceber que, a despeito da enigmática reserva de Grey, está
desesperadamente atraída por ele. Incapaz de resistir à beleza discreta, à
timidez e ao espírito independente de Ana, Grey admite que também a deseja -
mas em seus próprios termos...
Os dois personagens principais do livro são desprovidos de
qualquer característica importante. Nas fanfics que a autora escrevia baseadas
nas obras de Stephenie Meyer os leitores de suas estórias já conheciam os
personagens e suas ideologias, o que mudava era que James criava um lado mais
erotizado das obras de Meyer. Mas, sendo 50 Tons de Cinza um livro diferente do
universo criado por Meyer, e com novos personagens chega a ser irônico que a
autores tenha utilizado tantas páginas para descrever as roupas dos
personagens, o espaço onde estes se encontravam e as cenas de sexo
sadomasoquistas do que dá um conteúdo mais trabalhado aos dois protagonistas.
Como se a falta de caracterização interna já não fosse o
suficiente, James se mostra ser também uma escritora sem criatividade. O livro
é recheado de homenagens, fazendo uso do maior dos eufemismos, descaradas da
obra de Stephenie Meyer. Anastasia, assim com Bella possui uma estranha
dependência pelo seu "cavaleiro das trevas", é introspectiva, feminista
e é irritante. Christian, assim como Edward alerta a Anastasia que ele não era
o homem que ela imaginava que ele fosse, que ela deveria ficar longe dele
apesar do mesmo não conseguir ficar longe dela, e por aí vai. Quando você pensa
que não existem mais "coincidências" a autora apresenta mais
semelhanças que vão desde bobagens até características importantes do enredo da
obra de Meyer. Senti-me lendo um Crepúsculo erótico, mas com outros nomes e bem
mais mal escrito.
Como disse antes, James não possui nenhum talento para a literatura. O livro é bastante repetitivo tanto em expressões pejorativas ("Porra, "Puta Merda"...) quanto no enredo da obra. Gastar dias e horas lendo um livro sobre sexo, através dos olhos de uma virgem que usa expressões como "minha deusa interior dançou um samba" só porque foi tocada ou só por que um homem como Grey, rico e bonito, se mostrou interessado nela beira ao ridículo. Tem momentos no livro em que somos bombardeados com um festival de páginas com troca de emails entre Anastasia e Grey que só me fizeram pensar que James estava com preguiça de colocar sua cabecinha para funcionar e resolveu assim mesmo continuar a preencher as páginas do livro com emails irritantes entre os dois personagens. Preferia muito mais ler os livros de Nicholas Sparks, que são igualmente desnecessários no mundo literal, do que voltar a ler os dois outros livros da autora.
Ainda falando da falta de habilidade que a autora tem de escrever, não tem como se importar com nenhum dos dois protagonistas. Anastasia é simplesmente uma chata, que não possui convicções ou características relevantes, e no mínimo possui problemas mentais piores que Bella. Christian não possui carisma, e parece que a toda hora James tenta criar uma empatia entre o leitor e o personagem, assim como tenta dar a todo custo uma profundidade maior a este. Os outros personagens são cópias baratas dos coadjuvantes da saga dos vampiros luminosos, a única diferença é que fazem sexo, falam palavrão e não são chupadores de sangue (precisei escrever isso...).
Sendo assim não sobra na realidade muita razão para ler o livro a não ser a curiosidade para também ler o tal "livro sobre sexo que todo mundo está comentando". Uma obra mal escrita, que pega carona no sucesso da obra de outra escritora, com personagens sem carisma e pouca história para as 480 páginas do livro, 50 Tons de Cinza é um sucesso inexplicável, mas não passa de um livro pornô cansativo e sem conteúdo escrito por uma mulher desprovida de qualquer talento.
1/5