quarta-feira, janeiro 19, 2011

Crítica do filme 'Black Swan'

Beth MacIntyre (Winona Ryder), a primeira bailarina de uma companhia, está prestes a se aposentar. O posto fica com Nina (Natalie Portman), mas ela possui sérios problemas interiores, especialmente com sua mãe (Barbara Hershey). Pressionada por Thomas Leroy (Vincent Cassel), um exigente diretor artístico, ela passa a enxergar uma concorrência desleal vindo de suas colegas, em especial Lilly (Mila Kunis).

Não sou grande fã de Aronofsky, até porque seus filmes não chegam a agradar a todos, contudo Cisne Negro parece extrair o que tem de melhor no diretor. Com a câmera na mão, Darren captura cada movimento da atriz (Natalie Portman).

Se em 'O Lutador' Aronofsky fez um filme sobre uma pequena arte, em Cisne Negro ele fala sobre uma grande arte que é o ballet. Não é preciso praticar ou gostar de ballet para compreender o sacrifício e a perfeição que a profissão requer. Perfeição, a grande protagonista do filme. Natalie Portman interpreta a Nina, uma personagem dedicada, perfeccionista e exigente, que sonha em dançar a peça 'Lago dos Cisnes'. Quando consegue a chance de dançar, ela não imaginava os obstáculos que viriam. Com uma mãe controladora, uma ex-bailarina que abdicou de sua carreira para cuidar da filha, Nina luta dentro e fora de sua mente para provar que possui potencial para interpretar o Cisne Negro, personagem tenebroso e sexy, personagem este que ela não consegue encarnar. É quando chega Lilly, vivida com maestria pela ótima Mila Kunis (foto acima), uma bailarina sexy que poderia ser o Cisne Negro sem maior problema.


É quando somos transportados para uma batalha psicológica do começo ao fim da película (destaque para cena final, de ballet excepcional). A vida de Nina não era perfeita. Poderia a qualquer momento desmoronar. Seria Nina sua própria rival? Ou seria Lilly? São perguntas que surgem ao decorrer do filme, recebendo-as neste delírio visual que Cisne Negro representa. Nina se entrega de corpo e alma à personagem, se tornando narcisista e egoísta, mas não é isso a perfeição? Queria tanto ser o Cisne Negro, se transformar naquilo que ela não conseguia ser. Queria se libertar. Se fosse somente o Cisne Branco, ela seria perfeita para o papel, o problema era o Cisne Negro, que não a deixava atingir esta perfeição.

Natalie Portman está irreconhecível. A atriz dançou, atuou, foi tímida e desinteressante, e terminou o filme sedutora e sexy. Aliás, a atriz está em sua melhor fase, de talento inqüestionável, Natalie representa a perfeição em pessoa, sem trocadilhos. Deverá receber todos os prêmios da temporada., porque personagem e atriz dão um show neste assombro de filme.

'Black Swan' não agradará a todos. É um thriller psicológico, um terror claustrofóbico e ao mesmo tempo de visual deslumbrante. De trilha sonora envolvente e fotografia magistral, há quem diga que este é o melhor filme da década, isso eu não posso confirmar, mas é um filme que melhor representa a criatividade perturbadora de Aronofsky.

terça-feira, janeiro 18, 2011

Crítica do Filme 'Um Lugar Qualquer'

Sofia Coppola carrega um sobrenome de bastante peso na indústria cinematográfica. Dona de filmes discretos como 'Encontros e Desencontros' e visualmente belos como 'Maria Antonieta', Um Lugar Qualquer carrega um pouco dos dois, mas ele comprova, de vez, uma delicada Sofia.

Johnny Marco (Stephen Dorff) é um bem sucedido ator de Hollywood que não possui uma reputação das melhores. Hospedado no lendário hotel Chateau Marmont para recuperar-se de um acidente no set de filmagens, ele passa os dias em festas com strippers ou dirigindo sua Ferrari por puro prazer. Porém, o ator tem sua rotina subitamente alterada pela presença de Cleo (Elle Fanning), sua filha de 11 anos, que passa a visitá-lo com certa frequencia. Embora a princípio seja incapaz de dar à menina a atenção que precisa, a progressiva aproximação leva Johnny a reavaliar sua vida.

Sofia sabe ser bastante delicada quando quer. Tratou a relação entre pai e filha de uma forma sutil e bastante discreta. Uma diretora que gosta de ter hotéis sempre em seus filmes como uma espécie de transitoriedade na vida do personagem. Johnny Marco é um personagem bem entediante. Sua vida é tediosa, exceto pela sua filha Cleo. Stephen Dorff passa exatamente a ideia do personagem. Elle Fanning (uma adorável atriz) não precisa mostrar seu potencial no filme, até mesmo porque não se exige isso dela, mas atual de modo bastante convincente.


Sofia aproveitou, na minha visão, muito a sincronia entre o pai e filha. Donos de cenas memoráveis que vai desde eles brincando de videogame, até eles protagonizando uma cena delicadíssima no fundo de uma  piscina, deixando-os realistas aos olhos do expectador. O entrosamento dos dois atores ajudou muito. Contudo, Sofia teve a chance de criar um belíssimo filme, se tivesse terminado com os dois sentados à beira da piscina (foto ao lado). No entanto ela opta por terminar o filme como um filme, em vez de terminá-lo do jeito que começou, real. Um Lugar Qualquer vale apena ser visto, mas sobre um olhar diferente.

domingo, janeiro 02, 2011

Crítica do Filme 'Ponyo: Uma amizade que veio do mar'

Hayao Miyazaki é um gênio da animação. Sem utilizar os novos recursos tecnológicos em seus filmes, ele nos presenteia com belas histórias e belos cenários. Diante de grandes filmes como 'A viagem de Chihiro' e 'Meu Vizinho Totoro', elogiados pela crítica, Ponyo é o filme mais fofo deste grande criador.

Sosuke (Hiroki Doi) é um garoto de cinco anos que mora em um penhasco, com vista para o Mar Interior. Um dia, ao brincar na praia, encontra Ponyo (Yuria Nara), uma peixinho dourado cuja cabeça está presa em um pote de geleia. Ele salva a peixinho e a coloca em um balde verde. Trata-se de amor à primeira vista, já que Sosuke promete que irá cuidar dela. Só que Fujimoto (Jôji Tokoro), que um dia foi humano e hoje é feiticeiro no fundo do mar, exige que Ponyo retorne às profundezas do oceano. Para ficar ao lado de Sosuke, Ponyo toma a decisão de tornar-se humana.

O amor entre as duas crianças, resultou em filme que possui um alto grau de fofura e inocência. Observar o amadurecimento e cuidado que as duas crianças sentem uma pela outra, soa sem malícia e emociona a qualquer um que assistir ao filme. Os belos cenários da animação são maravilhosos. Desenhados a mão pelo próprio Miyazaki, o expectador acompanha com os olhos grudados na tela cada detalhe e cor que ele nos presenteia.

'Ponyo: Uma amizade que veio do mar' é mais um filme de Miyazaki que obrigatoriamente deve ser visto. Dono de uma fofura e inocência inegável, belas imagens feitas à mão, Ponyo nos leva, mais uma vez, ao espetacular mundo do gênio Hayao Miyazaki.