Aconteceu neste domingo, 24 de Fevereiro, a cerimônia
de entrega do 85º Academy Awards 2013, conhecida como a maior premiação da indústria cinematográfica. Ainda não foi aquela premiação divertida e memorável como nos tempos em que Billy Crytal era o anfitrião da noite na década de 90, mas ficou marcada pelos razoáveis vencedores, pela presença da primeira dama Michelle Obama, pela derrota de Lincoln (12 indicações) e por ocorrer um empate em uma categoria da premiação, algo raríssimo.
A 85ª edição do Oscar foi bem conduzida pelo comediante/ator/diretor Seth MacFarlane, contratado para levantar (e conseguiu) a audiência da festa. As piadas mais afiadas não foram propriamente ditas pelo jovem comediante (Ted!), apesar de ser o mesmo falando (simplesmente genial). Em momento algum o rapaz poupou nenhum dos indicados da noite, assim como também não poupou os vencedores da edição passada. Mas, infelizmente, não se pode agradar a gregos e troianos, se a noite foi bem conduzida pelo MacFarlane, infelizmente algumas categorias chegaram a "decepcionar".
Os leitores aqui do blog já sabem que de todos os filmes indicados o que menos gosto é Os Miseráveis. Fiquei bastante decepcionada com o filme. Acho o roteiro, direção e as atuações bastante "meia boca", e por mim seria indicado apenas nas categorias técnicas. Mas, como não sou votante da Academia, eis que Anne Hathaway se consagra como a Melhor Atriz Coadjuvante por Fantine, seu papel no musical. De fato, a atuação de Hathaway é a melhor coisa da adaptação musical da obra de Victor Hugo, mas é um Oscar de uma cena só. Para quem não sabe, existem quatro etapas básicas que uma atriz precisa passar para que ela possa ganhar um Oscar: 1- Raspar o cabelo; 2- Apanhar; 3- Emagrecer e 4- Ficar nua. Se seu personagem passar por uma dessas etapas durante o filme, ainda que sua atuação seja mediana, pode ter certeza que o Oscar lhe consagrará. Acho que até tentaram recriar a cena da Fantine novamente no Oscar, quando chamaram o elenco do filme para cantar a música original no palco (pasmem, cantaram melhor lá do que no filme), mas não deu muito certo. Amy Adams estava muito superior por sua atuação em O Mestre (recomendadíssimo), mas este era o ano da Fantine que apenas aparece em 20 minutos de projeção.
Em relação a Melhor Atriz, não considero por completo que a vitória da atriz Jennifer Lawrence, com direito a queda nas escadas (clássico de J-Law, não é?), tenha sido decepcionante, pelo contrário, dentre as indicadas, depois de Emmanuelle Riva, quem realmente merecia a consagração era a Jennifer por seu trabalho em O Lado Bom da Vida. E acreditem este não será o único Oscar da sua carreira. Inclusive, Jennifer já merecia ter ganhado em 2011, por seu trabalho no filme Inverno da Alma. Mas, confesso que queria que a atriz francesa fosse consagrada, sua atuação soberba em Amor merecia ser reconhecida. E cheguei realmente a cogitar a sua vitória. Primeiro pelo fato da atriz ter estado presente na premiação e segundo por ela ter completado 86 anos na mesma noite. Aliás, se o Oscar bem que poderia ter sido audacioso nesta categoria, dividindo o prêmio entre as duas atrizes, algo que ocorre com frequência em festivais de cinema. Mas estou feliz com a consagração da jovem atriz de 22 anos. Jennifer Lawrence (que é = amor) estava ótima como Tiffany, aliás, ela sempre está ótima em qualquer papel que interpreta, seja em filmes independentes ou blockbusters. Uma atriz talentosíssima, que não "papas na língua" e que sabe sorrir e brincar, uma atriz que Hollywood deve agradecer a todos os dias, a quem quer que seja por sua existência na Terra e nesta indústria.
Outro prêmio merecido foi o de Melhor Ator para Daniel Day-Lewis. Sua atuação como o 16º Presidente dos USA é tão magnífica quanto contida, tinha momentos em que pensava estar diante do próprio Lincoln. Sem dúvida o ator era a Meryl Streep desse ano. Inclusive a própria foi quem entregou o Oscar ao ator, que quase no final de seu discurso de vitória declarou: “Meryl was Steven's first choice for Lincoln, and I'd like to see that version.” Pelo visto, Seth não era o único comediante da noite. Mas peço aos leitores que confiram a atuação de Joaquin Phoenix por O Mestre, que está tão excepcional quanto à de Daniel. Infelizmente, Lincoln levou apenas dois prêmios, o de Melhor Ator e Direção de Arte, se tornando assim o maior derrotado da noite.
A categoria Melhor Ator Coadjuvante foi um mix de surpresa com felicidade. Não estava cogitando a consagração do ator austríaco Christoph Waltz. Apesar dele está excelente em Django Livre, filme mais divertido de Tarantino, não faz nem pouco tempo que o ator ganhou seu primeiro Oscar por Bastardos Inglórios, novamente de Tarantino. Será que sou a única que acha que já faz tempo que Robert DeNiro merece seu terceiro Oscar?! Principalmente se pararmos para pensar que Waltz só acerta a mão na atuação sendo dirigido por Quentin. Apesar dos filmes de Tarantino sempre estarem entre os principais indicados do Oscar, nunca que um filme seu será consagrado pela Academia, contudo isso não significa que Tarantino não mereça o prêmio de Melhor Roteiro Original, apesar de achar o roteiro original de Moonrise Kingdom superior, aliás, mais uma bobagem do Oscar, que só indicaram o filme em uma categoria.
Acredito que a categoria mais imprevisível da noite foi a de Melhor Diretor. Sem a indicação de Ben Affleck, que ganhou todos os prêmios possíveis da Terra pelo seu trabalho de direção no filme Argo, todos os indicados tinham chances de ganharem o prêmio. Muitos apostavam em Spielberg, pelo sua direção contida em Lincoln, mas eu já imaginava que Ang Lee sairia vencedor. Este versátil e carismático contador de histórias entregou com As Aventura de Pi, que arrebatou merecidamente todos os prêmios técnicos, uma junção perfeita de direção, direção de arte,
tecnologia e roteiro, que ao sair do cinema fez uma antiga e nova geração de cinéfilos perceber que magia
no cinema ainda pode existir, se depender de diretores como ele.
Mas, no final das contas a noite foi de Affleck. De esnobado a grande vencedor. Seu nome pode até ter ficado fora da lista de Melhor Diretor, mas subiu ao palco para receber o premio de Melhor Filme por Argo. Achei que sua ausência na categoria o maior erro da Academia, uma vez que seu trabalho como diretor é notável, ainda mais em um filme como uma temática difícil de ser filmada. Justamente por esta dificuldade em relação à história, que nada mais justo que premiar o filme com o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado.
Amor ganhou Melhor Filme Estrangeiro, Valente foi escolhido o Melhor Longa de Animação, apesar de Frankenweenie de Tim Burton ser superior. Talvez a única surpresa (dois vencedores em uma categoria!!!) e maior decepção da noite tenha sido o prêmio de Melhor Maquiagem para Os Miseráveis. Por favor, Oscar, com O Hobbit na mesma categoria não tinha musical nenhum que o superasse.
A 85ª edição da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas foi uma premiação razoável e divertida, que premiou consideravelmente os melhores do ano no cinema. Claro que existem aqueles que irão reclamar dos premiados, desde o de Melhor Filme até o de Melhor Figurino, merecido para o Anna Karenina, mas é como eu disse antes no começo do texto, não se pode agradar a gregos e troianos, talvez a única que consiga isto seja Adele, que esbanjando simpatia abocanhou mais um prêmio para a sua coleção. Bem que ela poderia ser a anfitriã do próximo ano, se não, o criador da sitcom de animação Family Guy é bem vindo a continuar no posto. Até o próximo Oscar…
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