sexta-feira, maio 31, 2013

Kimi ni Todoke - O Shoujo mais Fofo


Já faz tempo que não indico ou falo sobre animes, aquelas animações japonesas que alegraram minhas tardes na minha infância, aqui no blog. Mesmo com pouco tempo para acompanhar de perto o que está sendo exibido lá na terra do sol nascente, costumo a conferir depois os animes que foram sucesso de público e critica. Dentre os gêneros dos animes/mangás, confesso que não sou a maior fã dos shoujos, que nada mais são que as famigeradas comédias românticas. 

Por mais que o shoujo, de todos os gêneros, seja o que mais se aproxima da nossa realidade, afinal é inevitável não surgir aquele pensamento de que "isso já aconteceu comigo", são poucos que conseguem apresentar um roteiro inteligente, apresentando personagens carismáticos, e ainda conseguir fazer com que o anime não se torne cansativo, tendência que cada vez mais se torna frequente nas atuais animações japonesas.


O Kimi ni Todoke, que tem como tradução livre Que Chegue a Você, conta a história de Kuronuma Sawako, uma menina tímida e que é temida por todos na escola por causa de seu olhar sombrio e assustador. Como não possui facilidade de obter amigos, na escola poucos sabem seu nome apelidando-a de "Sadako", pela familiaridade com seu nome e sua aparência com a personagem do filme "O Chamado". O que não sabem, é que por trás desse olhar assustador, há uma menina meiga, sempre querendo fazer amigos e tentando ser agradável. O único que parece compreendê-la é Kazehaya Shouta, garoto que Sawako admira por ele ser um rapaz agradável e cheio de pessoas à sua volta. Com a ajuda de Shouta, ela consegue driblar muitos obstáculos e a fazer novas amizades, e à medida que a relação dos dois começa a crescer, dela nascerão sentimentos que Sawako não conhecia e estes sentimentos novos a fazem querer conhecer mais de si mesma e dos que estão a sua volta.


Sawako é uma menina muito doce, altruísta e gentil, e a empatia que a protagonista causa no espectador é enorme. Tudo gira em torna de sua ingenuidade, o que a torna realmente uma personagem especial. Acompanhamos o crescimento dela de perto, e é impossível não ficar emocionada com cada riso, lágrima ou a cada novo amigo que Sawako faz. E Kazehaya Shouta é tão especial quanto ela. O garoto está longe de ter aquela imagem de príncipe encantado que a maioria do shoujos tende a passar com seus protagonistas masculinos. Aliás, ele consegue ser o personagem mais humano que já tive o prazer de conhecer em obras desse gênero. Shouta sente raiva, inveja, ciúmes, e várias outras sensações. Mas tudo que ele faz é para vê Sawako feliz, ou seja, ele pode até fazer coisas egoístas, mas tudo para o bem da nossa protagonista.

 
O primeiro amor também é trabalhado de forma simples e madura no anime. É possível notar o cuidado que o anime tem em trabalhar não só a relação dos dois, mas também a dos personagens secundários, que também possuem tramas interessantes e divertidas. O romance entre os dois protagonistas demora a acontecer, o que pode irritar bastante, mas a cada desejo que temos que algo se concretize, vemos o crescimento individual da protagonista, e notamos que o foco principal do anime não é necessariamente o romance, mas que ele é um anime onde tudo é sobre seus personagens e os sentimentos de cada um deles. Só ficou faltando o beijo, mas como proposta do anime é a simplicidade, a inocência com a qual a relação dos dois foi trabalhada perdoa a ausência dele.

quarta-feira, maio 08, 2013

Crítica: Homem de Ferro 3 3D (2013)

★★★ Nem sempre a qualidade anda de mãos dadas com o dinheiro!

A Marvel tinha um ambicioso sonho de expandir seu universo quadrinístico nos cinemas e assim reunir o maior grupo de super heróis já criado no mundo das histórias em quadrinhos. Um projeto que começou em 2008 com o primeiro filme do Homem de Ferro. Se os dois filmes do Homem de Ferro ajudaram a cimentar o Universo Marvel nos cinemas, a acertada reunião de seus maiores super-heróis acabou solidando a sua hegemonia. Esperava-se que o terceiro filme do egocêntrico Tony Stark honrasse o legado deixado pelos Os Vingadores, mas infelizmente a fase 2 da Marvel nos cinemas não começou com o pé direito.

Desde o ataque dos chitauri a Nova York, Tony Stark (Robert Downey Jr.) vem enfrentando dificuldades para dormir e, quando consegue, tem terríveis pesadelos. Ele teme não conseguir proteger sua namorada Pepper Potts (Gwyneth Paltrow) dos vários inimigos que passou a ter após vestir a armadura do Homem de Ferro. Um deles, o Mandarim (Ben Kingsley), decide atacá-lo com força total, destruindo sua mansão e colocando a vida de Pepper em risco. Para enfrentá-lo Stark precisará ressurgir do fundo do mar, para onde foi levado junto com os destroços da mansão, e superar seu maior medo: o de fracassar. 

Os problemas de Homem de Ferro 3 começaram antes mesmo do filme estrear. A troca de diretores que o filme sofreu indo parar nas mãos de Shane Black, mais conhecido por ter escrito o filme Máquina Mortífera, mudou todo o universo que já tinha sido estabelecido pelos dois longas anteriores, que foram dirigidos por Jon Fraveou, que aqui aparece apenas como produtor do filme. O filme não consegue estabelecer um tom certo entre a comédia e o drama. Toda vez que o roteiro pretende trazer uma seriedade maior em uma cena, infelizmente essa seriedade é ofuscada por mais uma cena de comédia. Entendam, o filme é bom. Possui cenas divertidas, atuações boas e ótimas cenas de ação, mas não é espetacular ou fantástico, e é notavelmente inferior aos anteriores. Como a comédia acabou se tornando o principal foco do filme um dos arcos mais legais do Homem de Ferro nas HQ's, o arco Extremis, se torna pano de fundo, um completo desperdício por parte dos roteiristas.

E por falar em desperdícios, o maior deles foi não usarem corretamente a presença do ótimo Sir Ben Kingsley no filme, assim como a figura do Mandarim, talvez o vilão mais importante do Homem de Ferro nas HQ's. A realidade é que o suposto "terrorista" não existe como vilão, sendo somente uma invenção. Esse artificio já tinha sido usado no Batman de Christopher Nolan duas vezes, e como os filmes da Marvel poucas vezes se deixam levar a sério, em especial esta terceira parte da franquia Homem de Ferro, essa "ideia" acaba causando vergonha alheia ao se tornar uma piada de mau gosto. O verdadeiro vilão do filme é outro cientista, Aldrich Killian, interpretado por Guy Pearce, mas que não chega aos pés do suposto vilão que o filme vendia, desrespeitando a trajetória do Mandarim que é extremamente complexa. A sensação é que fomos enganados pela proposta que fora vendida nos trailers e que foi completamente abandonada, dando lugar a piadas que em alguns momentos se tornam cansativas e sem graça. Kingsley, por outro lado, está fantástico na pele de um ator que interpretava um vilão, o que causa frustração, porque é inevitável se perguntar como seria se o Mandarim realmente tivesse sido trabalhado de forma honesta, como merecia.

Apesar da boa atuação de Robert Downey Jr pela primeira vez a sensação que fica é que tivemos demais do ator nesse filme. Isso não chega a comprometer o filme, como já foi dito antes o ator está ótimo no papel, como sempre, mas parece que o roteiro abusa demais desse recurso, esquecendo-se de desenvolver e aprofundar o roteiro. E mais uma vez retornamos ao principal problema do filme: o excessivo uso da comédia. Ainda que os trailers tenham sugerido que este seria um longa mais sombrio, e ainda que introduza, mesmo que por alto, um tema sério que é o receio norte-americano a ameaças externas, as excessivas investidas no humor nas horas impróprias tornam o filme leve, com algumas boas piadas de Downey Jr, que aqui prova mais uma vez que nasceu para ser o Tony Stark nos cinemas.

Se por um lado tivemos muito Tony Stark no filme, por outro foi muito proveitoso ter mais Pepper Potts. Se Tony Stark amadureceu em partes foi graças a Potts de Gwyneth Paltrow. Os dois atores possuem uma química que flui de maneira natural, e finalmente a atriz tem uma participação mais efetiva no filme. Participando das cenas de ação, com direito a usar a armadura Mark 42 do herói, uma alusão a armadura Resgate.

Homem de Ferro 3 é um filme bom, com boas atuações, cenas de ação caprichadas e claro, Robert Downey Jr. rouba o filme para ele, com tiradas fantásticas, mas ao mesmo tempo é uma decepção. Se você não acompanha o herói nos quadrinhos e não consumiu o material promocional que a Warner divulgou nos últimos meses, provavelmente irá se divertir e gostar da obra. Mas, infelizmente o filme não só desrespeita os longas anteriores, como também Os Vingadores, que acabou sendo um presente para os fãs dos quadrinhos. Uma pena que fase 2 da Marvel tenha tido um início fraco, agora é esperar que Thor 2 e Capitão América – O Soldado do Inverno possam ter melhor sorte em seus filme solos.