quarta-feira, maio 08, 2013

Crítica: Homem de Ferro 3 3D (2013)

★★★ Nem sempre a qualidade anda de mãos dadas com o dinheiro!

A Marvel tinha um ambicioso sonho de expandir seu universo quadrinístico nos cinemas e assim reunir o maior grupo de super heróis já criado no mundo das histórias em quadrinhos. Um projeto que começou em 2008 com o primeiro filme do Homem de Ferro. Se os dois filmes do Homem de Ferro ajudaram a cimentar o Universo Marvel nos cinemas, a acertada reunião de seus maiores super-heróis acabou solidando a sua hegemonia. Esperava-se que o terceiro filme do egocêntrico Tony Stark honrasse o legado deixado pelos Os Vingadores, mas infelizmente a fase 2 da Marvel nos cinemas não começou com o pé direito.

Desde o ataque dos chitauri a Nova York, Tony Stark (Robert Downey Jr.) vem enfrentando dificuldades para dormir e, quando consegue, tem terríveis pesadelos. Ele teme não conseguir proteger sua namorada Pepper Potts (Gwyneth Paltrow) dos vários inimigos que passou a ter após vestir a armadura do Homem de Ferro. Um deles, o Mandarim (Ben Kingsley), decide atacá-lo com força total, destruindo sua mansão e colocando a vida de Pepper em risco. Para enfrentá-lo Stark precisará ressurgir do fundo do mar, para onde foi levado junto com os destroços da mansão, e superar seu maior medo: o de fracassar. 

Os problemas de Homem de Ferro 3 começaram antes mesmo do filme estrear. A troca de diretores que o filme sofreu indo parar nas mãos de Shane Black, mais conhecido por ter escrito o filme Máquina Mortífera, mudou todo o universo que já tinha sido estabelecido pelos dois longas anteriores, que foram dirigidos por Jon Fraveou, que aqui aparece apenas como produtor do filme. O filme não consegue estabelecer um tom certo entre a comédia e o drama. Toda vez que o roteiro pretende trazer uma seriedade maior em uma cena, infelizmente essa seriedade é ofuscada por mais uma cena de comédia. Entendam, o filme é bom. Possui cenas divertidas, atuações boas e ótimas cenas de ação, mas não é espetacular ou fantástico, e é notavelmente inferior aos anteriores. Como a comédia acabou se tornando o principal foco do filme um dos arcos mais legais do Homem de Ferro nas HQ's, o arco Extremis, se torna pano de fundo, um completo desperdício por parte dos roteiristas.

E por falar em desperdícios, o maior deles foi não usarem corretamente a presença do ótimo Sir Ben Kingsley no filme, assim como a figura do Mandarim, talvez o vilão mais importante do Homem de Ferro nas HQ's. A realidade é que o suposto "terrorista" não existe como vilão, sendo somente uma invenção. Esse artificio já tinha sido usado no Batman de Christopher Nolan duas vezes, e como os filmes da Marvel poucas vezes se deixam levar a sério, em especial esta terceira parte da franquia Homem de Ferro, essa "ideia" acaba causando vergonha alheia ao se tornar uma piada de mau gosto. O verdadeiro vilão do filme é outro cientista, Aldrich Killian, interpretado por Guy Pearce, mas que não chega aos pés do suposto vilão que o filme vendia, desrespeitando a trajetória do Mandarim que é extremamente complexa. A sensação é que fomos enganados pela proposta que fora vendida nos trailers e que foi completamente abandonada, dando lugar a piadas que em alguns momentos se tornam cansativas e sem graça. Kingsley, por outro lado, está fantástico na pele de um ator que interpretava um vilão, o que causa frustração, porque é inevitável se perguntar como seria se o Mandarim realmente tivesse sido trabalhado de forma honesta, como merecia.

Apesar da boa atuação de Robert Downey Jr pela primeira vez a sensação que fica é que tivemos demais do ator nesse filme. Isso não chega a comprometer o filme, como já foi dito antes o ator está ótimo no papel, como sempre, mas parece que o roteiro abusa demais desse recurso, esquecendo-se de desenvolver e aprofundar o roteiro. E mais uma vez retornamos ao principal problema do filme: o excessivo uso da comédia. Ainda que os trailers tenham sugerido que este seria um longa mais sombrio, e ainda que introduza, mesmo que por alto, um tema sério que é o receio norte-americano a ameaças externas, as excessivas investidas no humor nas horas impróprias tornam o filme leve, com algumas boas piadas de Downey Jr, que aqui prova mais uma vez que nasceu para ser o Tony Stark nos cinemas.

Se por um lado tivemos muito Tony Stark no filme, por outro foi muito proveitoso ter mais Pepper Potts. Se Tony Stark amadureceu em partes foi graças a Potts de Gwyneth Paltrow. Os dois atores possuem uma química que flui de maneira natural, e finalmente a atriz tem uma participação mais efetiva no filme. Participando das cenas de ação, com direito a usar a armadura Mark 42 do herói, uma alusão a armadura Resgate.

Homem de Ferro 3 é um filme bom, com boas atuações, cenas de ação caprichadas e claro, Robert Downey Jr. rouba o filme para ele, com tiradas fantásticas, mas ao mesmo tempo é uma decepção. Se você não acompanha o herói nos quadrinhos e não consumiu o material promocional que a Warner divulgou nos últimos meses, provavelmente irá se divertir e gostar da obra. Mas, infelizmente o filme não só desrespeita os longas anteriores, como também Os Vingadores, que acabou sendo um presente para os fãs dos quadrinhos. Uma pena que fase 2 da Marvel tenha tido um início fraco, agora é esperar que Thor 2 e Capitão América – O Soldado do Inverno possam ter melhor sorte em seus filme solos.

Um comentário:

  1. Roteiro péssimo e mal construído. Bons efeitos visuais, mas o filme, como um todo, "quase" não vale o preço do ingresso.

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