sábado, junho 23, 2012

Crítica: Sombras da Noite (Dark Shadows, 2012)

★★ Pior longa de Burton junta suas duas obsessões: uma história de amor e o gênero gótico!

O oitavo filme da dupla excêntrica Tim Burton e Johnny Depp, baseado na série Dark Shadows, exibida pela ABC entre 1966 a 1971, apesar de possuir uma quantidade de estrelas talentosas, não passa de mais um filme ruim, da péssima safra que a dupla vem apresentando ultimamente. 

1752. Joshua (Ivan Kaye) e Naomi Collins (Susanna Cappellaro) deixam a cidade inglesa de Liverpool juntamente com o filho, Barnabás, rumo aos Estados Unidos. A intenção deles era escapar de uma terrível maldição que atingiu a família. Vinte anos depois, Barnabás (Johnny Depp) é um playboy inveterado que tem a cidade de Collinsport aos seus pés. Após seduzir e partir o coração de Angelique Bouchard (Eva Green), sem saber que era uma bruxa, ele é transformado em vampiro e preso numa tumba por dois séculos. Quando enfim desperta, dois séculos depois, encontra sua propriedade em ruínas e os poucos familiares ainda vivos escondem segredos uns dos outros. Em meio a um mundo desconhecido, Barnabás se interessa por Victoria Winters (Bella Heathcote), a tutora do jovem David (Gulliver McGrath). 

Vamos começar falando dos pontos positivos do filme, que se resumem a estética e o humor. O já conhecido visual gótico que Burton tanto ama funciona muito mais neste filme, devido a todo sinopse do longa, e todo o cuidado ao recriar figurinos e maquiagens do início da década de 70 demonstra um cuidado todo especial em fazer tudo parecer genuíno. O humor também funciona bem, em especial as cenas em que o personagem de Depp retorna de sua "soneca", e se depara com um novo século, completamente diferente de tudo que vivera em especial a cena em que vê o "sinal do diabo" no mundo moderno. Já os pontos negativos, são inúmeros. Começando pelo péssimo desenvolvimento dos personagens, que são apresentados da forma mais breve possível. Os personagens são entregues da mesma forma que são introduzidos no começo do filme, salva-se a personagem da Eva Green, em que o roteiro se dá o luxo em apresentar as razões da bruxa agir daquela maneira, e o trabalho da atriz é igualmente competente.

Como se não bastasse a falta de desenvolvimento, os personagens  não possuem nenhum carisma. Então o bom elenco que Burton reuniu não foi bem utilizado. Helena Bonham Carter faz uma psiquiatra bêbada e só, nunca foi tão descartável sua presença em um filme; Michelle Pfeiffer tem seu destaque como matriarca da família, mas nada que cative o público; a australiana Bella Heathcote (que como fantasma vira literalmente A Noiva Fantasma, outro longa de Burton) ganha destaque no começo do filme, mas quando o filme deveria mostrar a visão da moça, acaba sendo deixado de lado, para colocar Barnabás (Depp) como estrela, e diga-se de passagem, um dos piores personagens da carreira de Depp. Como se Burton já não tivesse feito o suficiente, ele consegue gerar desconforto na plateia com uma sensualizada Chloe Moretz, apesar da pequena atriz roubar as cenas em que aparece. Nem como Hit-Girl (Kick-Ass), xingando e matando, a talentosa atriz gerou tamanho desconforto, então palmas para Burton, que conseguiu o impossível, tornar a presença da Chloe insuportável em um filme.

Sombras da Noite é a pior colaboração da dupla. Com personagens sem carisma e um elenco cheio de estrelas mal utilizadas, faz deste filme o ponto baixo da carreira da dupla. Apesar de em alguns momentos arrancar algumas risadas, daqui alguns anos não passará de um simples filme sessão da tarde, e, diga-se de passagem, um dos piores. Só resta agora torcer para que Frankenweenie faça o diretor voltar aos trilhos.

sábado, junho 16, 2012

Crítica do Filme 'Prometheus'

★★★ Alien, a origem! 

Em 20 de agosto de 1979, estreava nos cinemas brasileiros Alien, o 8º Passageiro, de Ridley Scott. Alien foi aclamado pele crítica e público, ajudando Scott a definir no cinema o gênero ficção-científica. Depois de quase 33 anos, o criador de Alien retorna na direção de Prometheus, recriando todo o clima que existia em seu primeiro filme, para, contar as origens do Alien.

Dra. Elizabeth Shaw (Noomi Rapace) e o Dr. Charlie Holloway (Logan Marshall-Green) em uma expedição ao espaço em busca da origem da vida humana. Os dois arqueólogos acreditam que uma civilização alienígena, chamada por eles de “Engenheiros”, criou a vida na Terra. A base dessa teoria é um símbolo, encontrado em civilizações terráqueas antigas, que foram separadas por séculos e quilômetros e nunca partilharam nenhum contato. Com isso, os dois conseguem o financiamento de Peter Weyland (Guy Pearce), da Weyland Corp. de Alien, e partem na nave Prometheus em busca da origem da nossa existência. 

Começando pelos pontos negativos, o principal problema de Prometheus é que o filme já foi vendido como algo grande. O público já veio esperando que o novo filme de Scott no gênero sci-fi seria algo melhor que o filme que o cineasta entregou nos anos 80. Prometheus está longe de ser e querer ser o novo Alien, e é importante o público, que já assistiu este trabalho conceituado de Scott, ir com isso na cabeça, assim não irão se sentir enganados pelo diretor. Mas, aqueles elementos que fizeram de Alien um sucesso continuam neste filme, como aquela atmosfera de tensão e paranoia que já vimos no primeiro filme de Alien, ou seja, Prometheus embarca no mesmo universo, mas a sensação é que presenciamos um trabalho dos anos 80 feito com tecnologias atuais. Contudo, há pontos positivos. Os efeitos especiais estão excelentes, a fotografia espacial é belíssima, talvez a mais bonita que já teve no cinema, uma trilha sonora bem interessante, indo de contramão do ritmo do filme, sendo ela bem calma, o que torna o clima de tensão mais verossímil, e o 3D muito bem utilizado em alguns momentos, e acredito ser o melhor de todos os filmes que 2012 apresentou, mas quem for assistir o filme em 2D também não vai perder nada da experiência.

Apesar de um vasto e talentoso elenco, podemos destacar três nomes: Michael Fassbender, Noomi Rapace e Charlize Theron. Fassbender está construindo uma carreira sólida em Hollywood. Desde sua pequena participação em Bastardos Inglórios que o ator alemão já mostrava que tinha talento. Em Prometheus, interpretando o robô David, sagaz e astuto, Fassbender rouba mais uma vez a cena, assim como fez nos seus filmes anteriores aponto do público acreditar que o ator de fato é um androide. David conquista o público rapidamente, apesar de suas decisões/motivações serem bem questionáveis, ele é bastante carismático, o que facilita o público gostar dele. O legal é que, diferente de Alien, que também tinha um robô, mas que ninguém da tripulação da nave sabia, é que em Prometheus a origem de David já é revelada de imediato, o que mostra que o diretor não está tentando fazer de Prometheus um "prelúdio" com remake do Alien.

Noomi Rapace é outra que está em alta em Hollywood. A sueca, que já vinha com excelentes atuações, em especial como a hacker Lisbeth Salander na trilogia sueca de Millennium: Os Homens Que Não Amavam as Mulheres apresenta mais outra ótima atuação, sólida, o que fica ainda mais evidente a "briga" entre os diretores para tê-la em seus filmes. Scott sempre criou mulheres fortes e duronas em seus filmes, em Prometheus continua igual, apesar da personagem da atriz ir adquirindo essa "força" no decorrer do filme. Elizabeth também é mais feminina que a durona Ripley, o problema da personagem é que sempre irá sofrer com a sombra da heroína do filme original. Mas, a personagem convence tanto nos dotes intelectuais quanto no instinto de sobrevivência, que pode ser visto na cena em que ocorre uma operação com a personagem, elevando os limites da atriz ao máximo, e que desde já é a cena mais intensa e chocante do filme.

Charlize Theron está em mais outra excelente atuação. A atriz que estava com uma atuação primorosa em A Branca de Neve e o Caçador, não possui um grande destaque no filme se compararmos com os personagens de Rapace e Fassabander, mas sempre que a atriz aparece em cena, com sua personagem, que é a líder da expedição, uma Meredith Vickers enigmática e com uma personalidade fria, é sempre um frescor na tela. Theron é uma atriz que gosto muito, ela está sempre com ótimas atuações, e de uns tempos pra cá vem conseguindo papéis a altura de seu talento, algo que os cinéfilos de plantão agradecem, uma vez que uma grande atriz como esta, merece cada vez mais papéis de destaque, uma pequena que não foi bem utilizada pelo diretor.
Prometheus começou criando uma atmosfera filosófica, com perguntas "quem nos criou" e "qual é o nosso propósito no mundo", mas que felizmente não se aprofundou por completo nesses questionamentos filosóficos, apesar de bater nesta tecla por um bom tempo. O problema do filme é como ele foi vendido, fazendo-o os fãs fervorosos de Alien acreditar que (re) veria no cinema uma das maiores e mais cultuadas obras do gênero sci-fi. Mas, com um roteiro bem construído, atuações ótimas e uma surpreendente qualidade técnica, Prometheus é um dos melhores filmes que estrearam este ano, só não espere ir assistir um novo Alien, porque isso o filme nunca vai ser.

terça-feira, junho 12, 2012

Valar Morghulis - Mais um Épico Final de Game of Thrones

“Dracarys!”
E mais uma vez chegamos a um final de temporada de "Game of Thrones", e foi impressão minha, ou esta segunda temporada passou tão rápido?! Pior ainda é descobrir que a série só retorna em Abril do ano que vem. No entanto, acredito que diferente da primeira temporada, ovacionada por fãs do livro e pela crítica, esta segunda temporada teve suas ressalvas, como eu ainda estou lendo o livro dois, eu não posso falar por completo da adaptação, mas até onde parei de ler o livro (devido às provas da faculdade), faço parte dos fãs que reclamaram da adaptação desse segundo livro. No entanto, acredito que em termos de roteiro, figurino, direção de arte, fotografia, etc., a série continua impecável.

Mas, focando nos que acompanham a série sem nem terem lido os livros, acredito que esta temporada deve ter sido difícil de acompanhar. Temos com exemplo a trama do Stannis e Melisandre. Como nesta temporada o prólogo foi deixado de fora (muito bacana e que apresentava os dois personagens), acredito que no primeiro episódio todos queriam saber quem diabos eram aqueles dois. E analisando o último episódio, com a pequena cena dos dois, acredito que os dois personagens tem muito potencial, e torço para que ganhem mais destaque na próxima temporada.

Mais os grandes destaques, em termos de atuação, desta segunda temporada vão para dois atores novinhos, que surpreenderam e muito nesta temporada. São Jack Gleeson que interpreta o detestável Joffrey, e a Sophie Turner que interpreta a amada/odiada Sansa Stark.

Joffrey chocou a temporada inteira. Com seus atos masoquistas e cruéis, querendo matar todos os seus súditos. Será que o moleque louco, fruto de um incesto, não sabe que para ser rei é necessário ter súditos para governar?! Bom, tirando as loucuras do personagem, devo ressaltar o talento do Jack Gleeson, que passa muita veracidade no papel, tornando-se fácil odiar seu personagem.

No time feminino, apesar de amar a Maisie Williams que interpreta a minha amada Arya, outro destaque infantil da série, acredito que quem esbanjou talento e surpreendeu nesta temporada foi a Sophie Turner. Confesso que logo no primeiro episódio da série não gostei da personagem, o sentimento de repulsa pela personagem cresceu ainda mais com o desenrolar da série, mas confesso que senti muita pena da Sansa nesta temporada. Misture isso com o talento e carisma da atriz, que vocês podem concluir que a personagem se tornou uma das minhas favoritas. Gostei desse novo lado dela, que vinha sofrendo violência psicológica constantemente, apanhando e outras coisas mais. Senti muita dó de ver como toda aquela felicidade (detalhe para o único sorriso que ela deu na temporada inteira na foto acima) que ela sentiu ao se ver trocada pela  Margaery desapareceu no momento em que o mindinho a lembrou que, agora, ela não era mais protegida pelo compromisso com o Joffrey. Se antes, quando era, a menina sofria, imagina agora sem ser. Ou ela arruma uma forma de fugir ou matar o reizinho de merda, ou sabe-se lá o que vai acontecer com a mais velha da família Stark na próxima temporada.
A cena mais esperada, pelo menos para mim, foi a "despedida" da nossa querida Arya e do já amado Jaqen. Ambos os atores tiveram muita química e eu fiquei extasiada quando ele deu a ela uma moeda afirmando que, caso ela mude de ideia, basta entregá-la a qualquer um bravosi e dizer as palavras 'Valar Morghulis', que significa 'Todos os Homens Devem Morrer'. Daí o título do episódio.

Senti falta foi de um maior destaque para Daenerys, não que muitas de suas cenas tenham sido empolgantes nesta temporada, mas é uma personagem que gosto muito. Achei legais as cenas da Dany's neste último episódio, na Casa dos Imortais, mostrando a mãe dos dragões tendo de abrir mão de duas das coisas que ela mais queria para poder achar seus filhotes: o Trono de Ferro e Khal Drogo com seu filho. Aliás, bem legal a participação Jason Momoa, retornando à série para este último episódio.

Outra coisa que gostei bastante foi que não existe mais uma Winterfell, pelo menos já não é mais a mesma da primeira temporada. Vai ser interessante os rumos que a próxima temporada vai ter depois de acontecimentos como estes. Como por exemplo, os dois filhos mais novos dos Starks indo para a muralha, ao "encontro" de seu irmão bastardo. Como será que Arya, Catelyn, Jon, Robb e Sansa vão se sentir ao saber que o lar que conheciam não existe mais. Outro personagem que me deixou curiosa sobre os rumos que irá tomar é Theon. Apesar de ser um personagem detestável, cheio de decisões questionáveis, alguns dos momentos mais legais dessa temporada pertence a ele, e quero saber o que vai acontecer com ele na temporada que vem. 

Agora que os White Walkers retornaram, de verdade, (lembram-se deles no comecinho da primeira temporada?!) o que vai ser da Muralha, com mais este problema, uma vez que já têm os selvagens dando dor de cabeça. Sei que para quem não leu, a segunda temporada deve ter sido confusa, com tantos personagens e poucas explicações, no entanto para este só aconselho: Leiam os Livros; E para os fãs que queriam uma adaptação fiel, é bom se conformarem que são raras as adaptações fieis aos livros, apesar da primeira ter sido.

Game of Thrones só retorna para sua terceira temporada no próximo ano (todos choram). O único jeito de acabar com depressão pós-GoT, é só lendo os livros!

segunda-feira, junho 11, 2012

Coluna de DVD - Revisitando "E.T. - O Extraterrestre"

★★★★★ Homenagem do Blog aos 30 anos de um dos ícones do cinema!

Em 11 de junho de 1982, estreava nos cinemas E.T. - O Extraterrestre, de Steven Spielberg. Eu não tinha nem nascido. Só fui conhecer este clássico de Spielberg, até hoje, um dos meus diretores favoritos, quando tinha apenas 10 anos, e foi naquele momento em eu me apaixonei pelo maravilhoso mundo do cinema. Apesar de só conhecer E.T há muito pouco tempo, ele é um filme que tem um valor sentimental bastante grande para mim. E para toda uma geração.

Henry Thomas é Elliott, um jovem garoto que vive com sua mãe (Dee Wallace), seu irmão mais velho (Robert MacNaughton) e sua pequena irmã (Drew Barrymore). Uma noite, quando ele estava no quintal, percebeu que havia alguma coisa estranha acontecendo na garagem. Sua curiosidade proporcionou o que seria a maior aventura de sua vida. Depois do susto do encontro, Elliott começa a fazer contato e leva para dentro de sua casa um extraterrestre que fora deixado para trás por uma missão de exploração mal sucedida. Elliott e seus irmãos tentam ajudar E.T. a voltar para casa, porém enquanto isso, agentes federais estão atrás dos vestígios deixados pela nave onde estava E.T.  

Há exatamente trinta anos atrás, o drama de um E.T. que havia se perdido na Terra, e que só desejava voltar para casa, encantou e comoveu milhões de expectadores mundo a fora. Me encantei pela a obra de Speilberg instantaneamente, e como disse antes, foi com ela que minha paixão por cinema começou. Foi com este filme que eu conheci a magia que é criar filmes. Não sou uma cinéfila que chora fácil, raro são filmes que me emocionam, e confesso que em todas as ocasiões em que assisto ao filme, seja em casa no meu DVD, ou zapeando pela TV, sendo reprisado, o filme imortalizado pelo Steven Spielberg, acaba me levando às lágrimas. E.T é um filme inocente e dotado de uma sensibilidade impressionante, e chega até ser difícil de acreditar que o filme foi concebido para ser um filme de terror, no qual vários aliens perdidos assustavam as crianças de uma cidadezinha. Não que o filme não tenha seu suspense, eles são protagonizados aos olhos das talentosas crianças protagonistas do filme, em especial por uma encantadora Drew Barrymore.

Além da doçura, o filme, que é um clássico oitentista, e é o que melhor representa a geração spielberiana. Com walkie-talkies, bicicletas BMX, o videogame atari, e o mais importante de todos, a criação do emblema da Ablin. E.T. também é dono de um arsenal incrível de cenas antológicas do cinema, como esta ao lado, da então novinha, mas já talentosa Drew Barrymore, dando um beijo no etzinho. Outro destaque do filme é a maravilhosa e encantadora trilha sonora criada por John Williams, inclusive um dos seus melhores trabalhos. A trilha é tão marcante, que várias cenas imortalizadas desta obra encantadora, começam a passar pela minha cabeça, só de lembrar alguns trechos de algumas músicas.

E.T. - O Extraterrestre é um marco da história do cinema, e da carreira de Spielberg. Sem perder encanto, filme "E.T. - O Extraterrestre" faz 30 anos e os estúdios da Universal lançará em outubro a primeira edição em blu-ray do filme, na qual será incluído o longa-metragem como foi exibido em 1982. Presente para todos os fãs deste clássico do cinema, e para todos os amantes do cinema, é com as primeiras palavras do ET, que ficaram na memória de toda essa geração, que eu finalizo esta homenagem: "ET, Phone, Home".

domingo, junho 10, 2012

Crítica do Filme ''Branca de Neve e o Caçador''

★★★ A versão sombria da história imortalizada pela Disney!

O conto da Branca de Neve nunca este tão em alta em Hollywood. Depois de uma divertida versão com um estilo Bollywoodiana, que traz uma Julia Roberts inspirada e uma graciosa Lily Collins como protagonistas. Contudo, a versão protagonizada Kristen Stewart e Charlize Theron, que traz um lado sombrio e mágico do conto, se destaca com uma produção bonita e ótimas atuações.

Branca de Neve (Kristen Stewart) que teve seu reino tomado pela cruel Rainha Ravenna (Charlize Theron), uma bruxa com poderes incríveis que seduziu e matou o Rei (Noah Huntley). Aprisionada por quase uma década, Branca de Neve escapa das garras da rainha, que deseja consumir seu coração para alcançar a imortalidade e juventude eterna. Ravenna então envia um cínico Caçador (Chris Hemsworth) para trazê-la de volta, mas este acaba se voltando contra a monarca após conhecer sua presa, o que coloca os dois na mira da vilã.



É difícil esse filme chegar agora, uma vez que não faz quase nem um mês que a versão estrelada pela Julia Roberts e Lily Collins estava no cinema. Então para atrair o público nada melhor do Kristen Stewart, estrela de Crepúsculo, no papel de Branca de Neve. E no papel da rainha má, a maravilhosa Charlize Theron. O roteiro tinha uma premissa interessante, mas acabou se perdendo em alguns pontos. Primeiro trouxe a Branca de Neve as suas origens, com uma versão mais sombria e "nojenta" do conto, que mais se remete ao conto criado pelos irmãos Grimm; segundo, somos surpreendidos com o ponto de vista da rainha, explicando o porquê dela agir daquela forma, e pasmem ser a mais bela do reino não é bem a sua prioridade. Mas as inovações param quando o roteiro tenta atrair a geração crepusculada, ao tentar criar um triangulo amoroso entre o caçador, o jovem "príncipe" e a Branca de Neve, que foi totalmente desnecessário. Algumas cenas também poderiam ter sido deixadas de fora, a exemplo delas, o filme nos entrega uma sequência de ação gratuita contra um troll, que muito pouco agrega à trama, mas que é visualmente bonita.

Kristen Stewart dá uma presença forte e marcante a Branca de Neve que nunca foi vista antes em nenhuma outra adaptação do conto. A personagem ganha qualidades de liderança e força, sem perder sua feminilidade, o grande problema é que a atriz não é, literalmente, a Branca de Neve. Ainda mais depois do cinema receber uma Lily Collins a altura do clássico da Disney. Outro problema é que Theron ofusca a protagonista, no entanto Kristen se esforça e nos entrega uma boa atuação. Aliás, Stewart é uma boa atriz. Quem assistiu Na Natureza Selvagem e Férias Frustradas de Verão, sabe que a atriz consegue, quando o roteiro e direção permitem, uma boa qualidade na sua dramaticidade, o maior problema da carreira da atriz é interpretar uma personagem tão limitada e mal elaborada como a Bella de Crepúsculo. Fora isso, Stewart tem talento, basta só ir atrás de bons papéis. Esse foi um deles, uma pena (ou não), é ter tido uma Charlize Theron como sua antagonista, com uma atuação primorosa.

Charlize Theron está com uma atuação primorosa. A atriz se entrega completamente ao personagem, uma atuação brilhante, que não está nem um pouco exagerada, pelo contrário, ela entrega ao expectador um dos seus melhores trabalhos, e é incrível quando se percebe que finalmente a atriz tenha ganhado um papel a sua altura, pois as melhores cenas do filme pertencem a ela, que continua sendo uma atriz belíssima. Theron eleva ainda mais a maldade da rainha, que ganha um passado mais desenvolvido pelo roteiro. Ainda que suas ações continuem questionáveis, é uma agradável surpresa descobrir nesse filme que ser a mais bela do reino fica, quase, em segundo plano.

Completando o time de atores, temos Thor, ou melhor, Chris Hemsworth. O caçador não se diferencia muito do seu personagem da Marvel, até nas cenas de lutas, usando o machado, se parecem bastante com aquelas em que o ator segura o grande martelo do deus nórdico da Marvel. O ator também perde no quesito atuação, tanto nas cenas em que divide com Stewart, quanto nas cenas em que divide com Theron. Mas ele é bem melhor do que o ator Armie Hammer da versão anterior do conto, uma pena é que do lado de duas personagens femininas tão poderosas, e bem interpretadas, em especial Theron, não sobre lugar para o ator presentear o público com uma boa atuação, aliás, é o que espero dele faz tempo.

O filme é visualmente belíssimo, o que enriquece ainda mais a obra. O crédito vai para o diretor de arte David Warren, que trabalhou em A Invenção de Hugo Cabret, e que soube fazer mais um excelente trabalho, explorando bem detalhadamente o visual gótico e nojento que o filme apresenta. Junte isso a um excelente trabalho de Greig Fraser que trabalhou em Brilho de uma Paixão, com uma fotografia lindíssima, e para completar temos o figurino de Collen Atwood que dá ainda mais credibilidade as maldades da rainha.

Branca de Neve e o Caçador faz um releitura bastante interessante do conto imortalizado pela Disney, e a que mais se parece com a história criada pelos irmãos Grimm. O filme apresentava uma premissa interessante, infelizmente acabou se perdendo em alguns pontos, mas nada que comprometesse o filme como um todo. Com um bom elenco, destacando a atuação de Theron, e uma boa direção de arte, o filme é uma boa recomendação, pois muitas coisas boas podem ser aproveitadas dessa nova adaptação da Branca de Neve.