O oitavo filme da dupla excêntrica Tim Burton e Johnny Depp, baseado na série Dark Shadows, exibida pela ABC entre 1966 a 1971, apesar de possuir uma quantidade de estrelas talentosas, não passa de mais um filme ruim, da péssima safra que a dupla vem apresentando ultimamente.
1752. Joshua (Ivan Kaye) e Naomi Collins (Susanna Cappellaro) deixam a
cidade inglesa de Liverpool juntamente com o filho, Barnabás, rumo aos
Estados Unidos. A intenção deles era escapar de uma terrível maldição
que atingiu a família. Vinte anos depois, Barnabás (Johnny Depp) é um
playboy inveterado que tem a cidade de Collinsport aos seus pés. Após
seduzir e partir o coração de Angelique Bouchard (Eva Green), sem saber
que era uma bruxa, ele é transformado em vampiro e preso numa tumba por
dois séculos. Quando enfim desperta, dois séculos depois, encontra sua
propriedade em ruínas e os poucos familiares ainda vivos escondem
segredos uns dos outros. Em meio a um mundo desconhecido, Barnabás se
interessa por Victoria Winters (Bella Heathcote), a tutora do jovem
David (Gulliver McGrath).
Vamos começar falando dos pontos positivos do filme, que se
resumem a estética e o humor. O já conhecido visual gótico que Burton tanto ama
funciona muito mais neste filme, devido a todo sinopse do longa, e todo o
cuidado ao recriar figurinos e maquiagens do início da década de 70 demonstra
um cuidado todo especial em fazer tudo parecer genuíno. O humor também funciona
bem, em especial as cenas em que o personagem de Depp retorna de sua
"soneca", e se depara com um novo século, completamente diferente de
tudo que vivera em especial a cena em que vê o "sinal do diabo" no
mundo moderno. Já os pontos negativos, são inúmeros. Começando pelo péssimo
desenvolvimento dos personagens, que são apresentados da forma mais breve
possível. Os personagens são entregues da mesma forma que são introduzidos no
começo do filme, salva-se a personagem da Eva Green, em que o roteiro se dá o
luxo em apresentar as razões da bruxa agir daquela maneira, e o trabalho da
atriz é igualmente competente.
Como se não bastasse a falta de desenvolvimento, os personagens não possuem nenhum carisma. Então o bom elenco que Burton reuniu não foi bem utilizado. Helena Bonham Carter faz uma psiquiatra bêbada e só, nunca foi tão descartável sua presença em um filme; Michelle Pfeiffer tem seu destaque como matriarca da família, mas nada que cative o público; a australiana Bella Heathcote (que como fantasma vira literalmente A Noiva Fantasma, outro longa de Burton) ganha destaque no começo do filme, mas quando o filme deveria mostrar a visão da moça, acaba sendo deixado de lado, para colocar Barnabás (Depp) como estrela, e diga-se de passagem, um dos piores personagens da carreira de Depp. Como se Burton já não tivesse feito o suficiente, ele consegue gerar desconforto na plateia com uma sensualizada Chloe Moretz, apesar da pequena atriz roubar as cenas em que aparece. Nem como Hit-Girl (Kick-Ass), xingando e matando, a talentosa atriz gerou tamanho desconforto, então palmas para Burton, que conseguiu o impossível, tornar a presença da Chloe insuportável em um filme.
Sombras da Noite é a pior colaboração da dupla. Com
personagens sem carisma e um elenco cheio de estrelas mal utilizadas, faz deste
filme o ponto baixo da carreira da dupla. Apesar de em alguns momentos arrancar
algumas risadas, daqui alguns anos não passará de um simples filme sessão da
tarde, e, diga-se de passagem, um dos piores. Só resta agora torcer para que
Frankenweenie faça o diretor voltar aos trilhos.