Em 20 de agosto de 1979, estreava nos cinemas brasileiros Alien, o 8º Passageiro, de Ridley Scott. Alien foi aclamado pele crítica e público, ajudando Scott a definir no cinema o gênero ficção-científica. Depois de quase 33 anos, o criador de Alien retorna na direção de Prometheus, recriando todo o clima que existia em seu primeiro filme, para, contar as origens do Alien.
Dra. Elizabeth Shaw (Noomi Rapace) e o Dr. Charlie Holloway (Logan Marshall-Green)
em uma expedição ao espaço em busca da origem da vida humana. Os dois
arqueólogos acreditam que uma civilização alienígena, chamada por eles
de “Engenheiros”, criou a vida na Terra. A base dessa teoria é um
símbolo, encontrado em civilizações terráqueas antigas, que foram
separadas por séculos e quilômetros e nunca partilharam nenhum contato.
Com isso, os dois conseguem o financiamento de Peter Weyland (Guy Pearce), da Weyland Corp. de Alien, e partem na nave Prometheus em busca da origem da nossa existência.
Começando pelos pontos negativos, o principal problema de
Prometheus é que o filme já foi vendido como algo grande. O público já veio
esperando que o novo filme de Scott no gênero sci-fi seria algo melhor que o filme que o cineasta entregou nos anos
80. Prometheus está longe de
ser e querer ser o novo Alien, e é importante o público, que já assistiu este
trabalho conceituado de Scott, ir com isso na cabeça, assim não irão se sentir enganados
pelo diretor. Mas, aqueles elementos que fizeram de Alien um sucesso continuam
neste filme, como aquela atmosfera de tensão e paranoia que já vimos no
primeiro filme de Alien, ou seja, Prometheus embarca no mesmo universo, mas a
sensação é que presenciamos um trabalho dos anos 80 feito com tecnologias
atuais. Contudo, há pontos positivos. Os efeitos especiais estão
excelentes, a fotografia espacial é belíssima, talvez a mais bonita que já teve
no cinema, uma trilha sonora bem interessante, indo de contramão do ritmo do
filme, sendo ela bem calma, o que torna o clima de tensão mais verossímil, e o
3D muito bem utilizado em alguns momentos, e acredito ser o melhor de todos os
filmes que 2012 apresentou, mas quem for assistir o filme em 2D também não vai
perder nada da experiência.
Apesar de um vasto e talentoso elenco, podemos destacar três
nomes: Michael Fassbender, Noomi Rapace e Charlize Theron. Fassbender está
construindo uma carreira sólida em Hollywood. Desde sua pequena participação em
Bastardos Inglórios que o ator alemão já mostrava que tinha talento. Em
Prometheus, interpretando o robô David, sagaz e astuto, Fassbender rouba mais
uma vez a cena, assim como fez nos seus filmes anteriores aponto do público
acreditar que o ator de fato é um androide. David conquista o público
rapidamente, apesar de suas decisões/motivações serem bem questionáveis, ele é
bastante carismático, o que facilita o público gostar dele. O legal é que,
diferente de Alien, que também tinha um robô, mas que ninguém da tripulação da
nave sabia, é que em Prometheus a origem de David já é revelada de imediato, o
que mostra que o diretor não está tentando fazer de Prometheus um
"prelúdio" com remake do Alien.
Noomi Rapace é outra que está em alta em Hollywood. A sueca,
que já vinha com excelentes atuações, em especial como a hacker Lisbeth
Salander na trilogia sueca de Millennium: Os Homens Que Não Amavam as Mulheres
apresenta mais outra ótima atuação, sólida, o que fica ainda mais evidente a
"briga" entre os diretores para tê-la em seus filmes. Scott sempre
criou mulheres fortes e duronas em seus filmes, em Prometheus continua igual,
apesar da personagem da atriz ir adquirindo essa "força" no decorrer
do filme. Elizabeth também é mais feminina que a durona Ripley, o problema da
personagem é que sempre irá sofrer com a sombra da heroína do filme original.
Mas, a personagem convence tanto nos dotes intelectuais quanto no instinto de
sobrevivência, que pode ser visto na cena em que ocorre uma operação com a
personagem, elevando os limites da atriz ao máximo, e que desde já é a cena
mais intensa e chocante do filme.
Charlize Theron está em mais outra excelente atuação. A
atriz que estava com uma atuação primorosa em A Branca de Neve e o Caçador, não
possui um grande destaque no filme se compararmos com os personagens de Rapace
e Fassabander, mas sempre que a atriz aparece em cena, com sua personagem, que
é a líder da expedição, uma Meredith Vickers enigmática e com uma personalidade
fria, é sempre um frescor na tela. Theron é uma atriz que gosto muito, ela está
sempre com ótimas atuações, e de uns tempos pra cá vem conseguindo papéis a
altura de seu talento, algo que os cinéfilos de plantão agradecem, uma vez que
uma grande atriz como esta, merece cada vez mais papéis de destaque, uma
pequena que não foi bem utilizada pelo diretor.
Prometheus começou criando uma atmosfera filosófica, com
perguntas "quem nos criou" e "qual é o nosso propósito no
mundo", mas que felizmente não se aprofundou por completo nesses questionamentos
filosóficos, apesar de bater nesta tecla por um bom tempo. O problema do filme é como ele foi vendido, fazendo-o os fãs
fervorosos de Alien acreditar que (re) veria no cinema uma das maiores e mais cultuadas
obras do gênero sci-fi. Mas, com um roteiro bem construído, atuações ótimas e
uma surpreendente qualidade técnica, Prometheus é um dos melhores filmes que
estrearam este ano, só não espere ir assistir um novo Alien, porque isso o filme nunca vai ser.
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