As Aventuras de Merlin, como ficou conhecida aqui no Brasil
pela HBO Family, Sony Spin (se não me engano) e pelo Disney XD, é uma produção
britânica pelas mãos do canal de Tv BBC, que conta a história de Merlin, um
jovem mago que descobre seus poderes mágicos e se envolve em conflitos com
Arthur, quando este ainda não era rei, no reino de Albion, em Camelot numa época
em que a pratica da magia é punida com a morte. É destino do jovem Merlin
ajudar o príncipe Arthur nas diversas aventuras e perigos que o envolvem, pois
quando for rei Arthur criara um reino justo e livre para a boa magia. E até que
esse dia chegue Merlin assume o papel de servo, escondendo de todos o seu
verdadeiro poder e grandes feitos.
Como sabem a Lenda Arthuriana já foi contada de várias
formas, desde uma animação da Disney até a péssima série Camelot, que
felizmente já foi cancelada. As Aventuras de Merlin é interessante justamente
por ser focada na juventude de Arthur e Merlin. Como o mago descobriu e lidou
com seus poderes, o amadurecimento de Arthur até se tornar o grande Rei que
viria a ser, assim como também a transformação de Morgana, que passa a ser uma
vilã na terceira temporada. Já assistia a série há alguns anos e deveria ter
feito uma análise antes, mas só zapeando pela TV, certa tarde, que me deparei
com ela sendo exibida na HBO. Então, finalmente, resolvi fazer uma análise da
série como um todo, depois de ter (re) assistido alguns principais episódios
das quatro temporadas.
Não sou grande fã da primeira temporada, até porque é um
introdutório de todos os personagens, suas motivações e características, e
também porque a série tem um problema, grave inclusive, que se repete em todas
as temporadas: a série enrola demais. Por exemplo: Em um episódio a série
introduz uma trama, que é interessante e gera questionamentos sérios, tipo,
"o que vai acontecer agora", ou "o que esse personagem irá
fazer", mas no próximo episódio parte para outra história, focada em um
personagem secundário e que nada acrescenta a história principal da série, depois
resolve retomar os acontecimentos do episódio retrasado, perdendo assim uma
oportunidade de criar uma trama interessante. E isso se repete durantes todas
as quatro temporadas, mas quando os roteirista resolvem se focar na trama
principal, acabam gerando episódios interessantes, e são justamente estes
episódios que me fazem continuar assistindo a série, afinal, quem não ama e
acha interessante a Lenda Arthuriana.
As temporadas mais interessantes são a terceira e a quarta e
tudo isso graças ao lado negro da Morgana inserido na série no final da segunda
temporada. A personagem já era interessante antes por não ser aquela Lady que
estamos acostumados a ver em séries ambientadas no passado. Morgana é uma
personagem fácil de gostar e torcer nas duas primeiras temporadas, mas também
se torna na terceira e quarta aquela vilã que todos amam odiar. Gosto do fato
dela ter construído amizades com Merlin e Gwen no passado, e que na sua atual
condição de vilã, apesar de não ter certo apreço pela sua ex-amiga, uma vez que
esta possa assumir seu lugar, legítimo por sinal, no trono, ainda nutre um
sentimento por Merlin, mal explicado na segunda temporada e que se sucede nas
demais. Na lenda existem várias versões sobre a personagem e a série parecia
seguir primeiramente a dela apaixonada por Arthur, sem que ambos soubessem que
eram meio irmãos, mas felizmente não continuou nessa história. Na segunda
temporada resolveram seguir a história em que ela possa nutrir, ainda que não
sejam claros, sentimentos por Merlin, e acabou que não se tem nenhuma conclusão
sobre este arco, que seria interessante, já que Merlin correspondia aos
sentimentos da bruxa, e uma vez que ela quer tomar o lugar de Arthur matando-o
e Merlin tem que protegê-lo, um romance entre ambos seria bem interessante para
melhorar o roteiro da série. Katie McGrath está ótima no papel da bruxa
vilã, ainda mais na terceira e quarta temporada, onde ganha mais destaque e fica evidente o talento da atriz.
O Merlin construído pelo jovem ator Colin Morgan é adorável.
É bastante interessante acompanhar o crescimento do personagem icônico da
Inglaterra tanto como mago quanto como amigo de Arthur, e mais tarde como seu
grande conselheiro. Apesar de às vezes o personagem ser vendido e taxado como
um “bobão’’ na série, desculpem o linguajar, às vezes mais do que necessário, o
personagem foi crescendo no decorrer das temporadas, e acredito que esta
característica foi deixada até para mostrar como é a relação dele com Arthur
enquanto jovens. Morgan convence no papel, apesar de em certas cenas sua
atuação se mostra exagerada, mas depois de algumas temporadas e já confortável
no papel, consegue apresentar atuações equilibradas.
Infelizmente, além de um roteiro com furos, os efeitos especiais chegam a desejar bastante, assim como os da série Smallville.
Ambos os defeitos melhoraram na quarta temporada, a minha favorita, mas
ainda precisam melhorar, já que em tempos em que presenciamos séries
como Game of Thrones e The Walking Dead, não
se têm mais desculpas para as séries terem efeitos de segunda mão. O
mais legal dessas novas séries britânicas são que elas nos apresentam
jovens talentos britânicos, e o acervo cênico jovem do país não fica só
conhecido por nomes batidos como as excelentes Carey Mulligan e Keira Knightley e nem pelo mediano Orlando Bloom. Game of Thrones e Downton Abbey,
ambas excelentes séries, apresentaram uma quantidade de jovens talentos
britânicos que eu espero futuramente estar vendo atuar em muito filmes.
Quem gosta, assim como eu da lenda Arthuriana, no
momento a série da BBC é a melhor pedida, apesar de apresentar
irregularidades no roteiro e com efeitos que chegam a desejar, a série
tem seu valor ao apresentar jovens competentes, ao mostrar a mitologia que
ronda a lenda Arthuriana e ainda conseguir alternar bem os momentos de
comédia com os dramáticos. Não é uma série refinada e obrigatória como Downton
Abbey, mas que é bastante divertida para uma sessão da tarde. Vale a
pena conferir.
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