sexta-feira, junho 28, 2013

Crítica: Guerra Mundial Z 3D (2013)

★★★★ Zumbis "higienizados" e ágeis

O atual badalado gênero da cultura pop mundial vem alcançando cada vez mais todos os veículos de entretenimento. Baseado no sucesso literário do escritor norte-americano Max Brooks, Guerra Mundial Z moderniza o gênero trazendo zumbis com um comportamento diferenciado e uma tensão que acompanha os 116 minutos do filme, transformando-o não só no filme com zumbis mais caro da história do cinema, mas também como um dos mais divertidos.

Uma terrível e misteriosa doença se espalha pelo mundo, transformando as pessoas em uma espécie de zumbis. A velocidade do contágio é impressionante e logo o Governo americano recruta um ex-investigador da ONU (Organização das Nações Unidas) para investigar o que pode estar acontecendo e assim salvar a humanidade, tendo em vista que as previsões são as mais catastróficas possíveis. Gerry Lane (Brad Pitt) tinha optado por dedicar mais tempo a sua esposa Karen (Mireille Enos) e as filhas, mas seu amor a pátria e o desejo de salvar sua família acabam contribuindo para que ele tope a missão. Agora, ele precisa percorrer o caminho inverso da contaminação para tentar entender as causas ou, ao menos, identificar uma maneira de conter o contágio até que se descubra uma cura antes do  apocalipse. Começa uma verdadeira corrida contra o tempo, que mostra-se cada vez mais curto, na medida que a população de humanos não para de diminuir. 

Foi com o clássico A noite dos mortos vivos (1968), de George Romero, que os zumbis que conhecemos hoje se transformaram em metáforas para discutir certos aspectos da sociedade moderna norte-americana. No filme estrelado por Brad Pitt (ótimo), podemos ver o quanto os filmes desses gêneros são importantes em momentos de grande mudança na humanidade. A principal crítica do filme parte do quanto a nossa "explosão" demográfica sobre o planeta nos coloca numa posição complicada num cenário de uma possível epidemia mundial, transformando seres humanos em formigueiros loucos. O roteiro ainda surpreende ao abordar a política e a saúde a partir da reação e do total despreparo das grandes nações em lidar com tal epidemia. O que talvez possa "decepcionar" no filme seja a falta de sangue e as famigeradas cenas em que os zumbis são mortos, mas nada que faça o filme ser menos interessante ou divertido, ainda mais porque a tensão que acompanha o filme suprime qualquer morte ao estilo The Walking Dead, ainda que sejam excelentes.

Outro ponto forte do filme foi transformar o personagem de Pitt em um homem de família. A todo custo Gerry tenta protegê-la e é justamente ela que o faz embarcar em uma viagem para tentar identificar uma maneira de conter o contágio. Mireille Enos (da série The Killing) interpreta a sua esposa, e infelizmente o filme não aproveita o talento da atriz, centrando-o apenas no personagem de Brad. As crianças, ainda que não tenham grande destaque no longa, conseguem aproximar ainda mais o público do drama familiar que passam. Outra coisa que chama atenção são os efeitos especiais do filme que estão primorosos, principalmente na cena em que os zumbis formam uma espécie de pirâmide de mortos-vivos para ultrapassar uma muralha, e a fotografia do filme, que está belíssima.

Guerra Mundial Z surpreende e muito. Depois de todos os problemas que o filme enfrentou para chegar aos cinemas, podemos dizer que o diretor entregou um filme divertido e tenso, que acabou dando uma modernizada no gênero. Apesar de sofrer na ausência de cenas sanguinolentas e violentas, a fim de evitar a censura 18 anos, o longa consegue prender a atenção do público com uma trama inteligente e interessante que vai deixar qualquer fã, discípulo ou não de Romero, feliz.

terça-feira, junho 18, 2013

Review: Sword Art Online - O Anime Queridinho do Ano Passado


Depois que vi no twitter e em alguns blogs muito "burburinho" por certo anime chamado Sword Art Online fiquei muito curiosa para saber o que ele tinha de tão bom para dividir opiniões, muitos amam e muitos odeiam, e também o porquê dos japoneses o elegerem o melhor anime exibido na temporada de outono. Com grandes expectativas, assisti em dois dias os 25 episódios, e apesar de possuir uma trama bastante promissora, o anime se perde logo depois dos dez primeiros episódios, decepcionando um público que se viu atraído por um tema que tinha um ótimo potencial.


Um jovem chamado Kirigaya Kazuto, mais conhecido como Kirito, está preso em um jogo de interpretação de personagens online para múltiplos jogadores, e só poderá sair dele quando percorrer os 100 andares e matar os chefes de cada andar, inclusive o criador do jogo . Uma morte no jogo significa uma morte na vida real. Kirito irá precisar da ajuda de outras pessoas para chegar até o topo, e enfim sair do jogo. Essa é a primeira parte do anime, a segunda parte começa quando Kirito, ao lado Asuna, uma habilidosa jogadora, que futuramente se torna sua parceira, vencem o jogo, só que ao voltar ao mundo real, Kirito descobre que um pequeno grupo de jogadores, no qual Asuna está inclusa, não despertou, descobrindo que estes jogadores estejam em um outro jogo, chamado ALfheim Online (ALO).


Os erros do anime/ light novel já começam com o desenvolvimento dos personagens principais. Kirito é o tipo de personagem de anime que já conhecemos como o herói que ajuda a todos e que não se deixa ser influenciado pelo lado "negro da força", mas algumas escolhas dele soam muito confusas. Tem momentos que ele diz que pretende seguir caminho sozinho no jogo, sem aliados, só que logo no próximo episódio o vemos com um grupo de pessoas, que nunca apareceu antes no anime até aquele momento, em uma luta que gera a morte de alguns, e infelizmente não nos importamos com nenhum deles, afinal não acompanhamos o desenvolvimento do grupo para que venham a causar falta no espectador. Outra coisa que incomoda é o fato de que nunca vemos o protagonista perder uma luta, ou treinando para ganhar mais experiência, transformando ele em um personagem mais forte que os próprios Super Saiyajins.


A Asuna seria a personagem que de cara o público se identifica, principalmente as meninas, por gostar de jogos de video games, por ser o tipo de personagem feminino forte, e também por ser conhecida como uma das jogadoras mais poderosas do jogo, mas infelizmente todas essas características da personagem somem quase que instantaneamente. Asuna logo passa a se torna aquela menina indefesa que sempre necessita ser salva pelo herói no final, o que irrita bastante porque a personagem não foi vendida dessa forma. Se ela é conhecida como a mais forte do jogo, porque sempre precisa da ajuda do Kirito, assumindo assim um papel de princesa indefesa?! A personagem definitivamente era melhor antes, quando era apenas amiga do protagonista.


Animação no geral é muito bem feita e manteve constantemente uma ótima qualidade. Os cenários, como as cidades e os campos apresentam todos bons detalhes, assim como as armaduras, localizações e os monstros. Sem dúvida o que me levou a continuar acompanhando o anime, sem muitas reclamações foi esta alta qualidade na animação, que está muito acima do tradicional na TV.


Fazendo um balanço geral do anime, não o recomendaria se você estiver querendo uma grande animação, com histórias sendo desenvolvidas e personagens inesquecíveis. Mas, também não há necessidade para ser amado por uns e odiado por outros. Infelizmente, o anime tinha em sua sinopse um grande potencial que não atendeu as expectativas de alguns, mas nenhum anime está imune a ser decepcionante. Mas, como diversão descompromissada o anime agrada, principalmente pela qualidade técnica. Entendo o porquê da popularidade, mas é uma pena que uma história que tinha tanto potencial tenha ficado muito aquém do esperado.

sábado, junho 15, 2013

Top 5: Melhores Momentos da 3ª Temporada de Game Of Thrones


Terminou no Domingo passado a 3ª Temporada de Game of Thrones, que adaptou apenas a metade do terceiro livro da série escrita por George R. R. Martin. E, como essa terceira temporada foi a melhor da série, resolvi fazer um Top 5 dos seus melhores momentos.

1. Lorde Tywin obrigando seus filhos a se casarem com Sansa Stark e Loras Tyrell


Não há melhor personagem para jogar este jogo do que o patriarca da família Lannister. Em uma única cena Lorde Tywin mostrou que não tem escrúpulos e nem medidas para alcançar o que o ele deseja. Uma cena rica em atuação por parte dos três atores.

2. O Primeiro Assassinato de Arya Stark


O primeiro assassinato da personagem (um dos homens de Walder Frey) é um momento de transição do que Arya era na primeira temporada para o que ela vai se tornar nas próximas temporadas da série. Já é certo que a pequena Stark já perdeu sua inocência faz tempo, mas testemunhar a cabeça do lobo Vento Cinzento costurada no corpo de seu irmão, afetou perceptivelmente a nossa pequena loba. 

3. O Saque a Astapor


Um dos melhores minutos finais de toda a série, e consequentemente de longe a melhor sequência, pudemos vê nesse episódio que Daenerys Targaryen pode disputar de igual com qualquer com um o Trono de Ferro. A personagem é um mix perfeito do que é preciso para ser uma rainha - que é saber ser dura e ao mesmo tempo complacente. 

4. O Casamento Vermelho


O maior momento dessa temporada, O Casamento Vermelho foi uma "matança" brutal e covarde onde Catelyn Stark, Robb Stark, Talysa e seu filho ainda não nascido, foram todos massacrados pela vingança de Walder Frey. Um dos momentos mais cruéis de toda a temporada e do entretenimento, superando a "inesperada" decapitação de Ned Stark na primeira temporada de Game of Thrones.

5. Jaime Lannister perdendo sua Mão


Um dos pontos mais legais dessa temporada foi a humanização do personagem Jaime Lannister. De regicida arrogante a um dos personagens mais legais da 3ª temporada. Sua parceria (amizade) com Brienne lhe custou muito caro, que ao não deixá-la ser estuprada e morta, perde sua mão enquanto contava uma mentira para salvá-la. Um final de episódio excelente acompanhado de um rock bem bacana.

  • Bom, na minha opinião esses foram os melhores momentos dessa temporada, e mais uma vez estamos "órfãos" da melhor série sendo exibida atualmente. Agora só em 2014 vamos poder acompanhar a 4ª temporada de Game of Thrones, enquanto isso, boa leitura!

E fiquem com a cena do Casamento Vermelho.

sexta-feira, junho 14, 2013

Jake Bugg no Playlist


19 anos, é de Nottingham, Inglaterra e com grande influencia dos irmãos Gallagher, esse é Jake Bugg. O menino inglês, a grande revelação da música britânica no último ano, que está ficando mais conhecido pelas opiniões fortes e polêmicas, do que infelizmente pela sua música.

O cantor, que foi escolhido por Noel Gallagher para abrir os shows de sua turnê mundial, e que atualmente está em turnê com seu álbum de estreia e que têm a autoria do rapaz, o autointitulado Jake Bugg (2012), tem em seu repertório músicas que passam pelo rock, o folk, que conta até mesmo com uma bela balada (Broken), misturados a um britpop desencanado, o que reafirmar o talento do menino como compositor. 

Musicalmente, em seu álbum de estreia, podem-se notar inúmeras influências externas de outros artistas como Bob Dylan e o próprio Oasis. Outra coisa que destaca-se no rapaz são seus vocais rasgados e ruidosos, que em alguns momentos lembram Alex Turner, do Arctic Monkeys.

O primeiro álbum causa expectativa sobre o futuro do jovem, que vai precisar mostrar em seu próximo trabalho uma identidade definida, algo que ainda não ficou evidenciado em seu primeiro disco. A melhor qualidade do menino é que em nada ele se parece com os atuais "astros" pré-fabricados, e fazendo uma música que mexeu com a juventude de outros tempos, o jovem de Nottingham tem um longo e promissor caminho nessa indústria.

Confiram a ótima Two Fingers!

terça-feira, junho 04, 2013

Quando a TV superou o Cinema - Game of Thrones: "The Rains of Castamere"

The North Remembers!


É interessante como cada vez mais a televisão vem crescendo no universo cultural. Séries como Sherlock da BBC, In The Flesh da BBC 3, The Walking Dead da AMC, e séries do acervo do canal HBO vem superando cada vez mais o cinema atual, ao apresentar series com roteiros mais elaborados, uma excelente produção técnica e atores e atrizes desconhecidos, mas que são igualmente ou mais talentosos que aqueles atores e atrizes hollywoodianos. 

Game of Thrones, série de TV produzida pela HBO e baseada nos livros do escritor George R. Martin, mostrou Domingo à noite, 2, ao exibir simultaneamente com os USA o penúltimo episódio da terceira temporada da série, o porquê dessa hegemonia televisiva em relação aos filmes que estão entrando em circuito atualmente.

Quem já acompanhava os livros, ainda na primeira temporada, falou "Oh, espere" quando o personagem Ned Stark teve sua cabeça decapitada, porque eles já sabiam o que iria acontecer na terceira temporada. Mas, se serve de consolo aos que não leram os livros, nem quem já tinha lido ficou imune do mix de emoções e nem do impacto que o episódio, talvez o mais brutal do mundo das séries, apresentou.

"O Casamento Vermelho", que foi retratado no penúltimo episódio desta terceira temporada, é o brutal massacre em que Catelyn Stark (matriarca da família Stark), Robb e Talisa Stark, e seu filho ainda nem nascido, foram cruelmente assassinados pela vingança de Walder Frey e pela traição de Roose Bolton. E como se os eventos ocorridos neste episódio não fossem por si só brutais, ainda teve espaço para mais uma crueldade, ao vê nos olhos e no rosto de uma das personagens mais queridas do livro, Arya Stark, sua esperança de reencontrar o que sobrou de sua família ser destruída. A pequena Stark, que a quase três temporadas e meia estava em busca de sua mãe e de seu irmão mais velho, nunca esteve tão próxima deles quanto neste episódio. E ao presenciar com dor nos olhos e com uma cara de choque a morte do Vento Cinzento, o lobo de seu irmão mais velho, vimos praticamente a aceitação dela de que este encontro nunca mais iria acontecer. Arya, ali, era os nossos olhos e ouvidos.

Como uma grande admiradora da sétima arte foi com alegria e tristeza que assisti a esse episódio. Alegre por ver que a televisão vem apresentado cada vez mais séries e episódios com qualidade superiores que os filmes que estão entrando em cartaz atualmente, e com tristeza por desejar que aquele antigo cinema, com obras como "Um Corpo que Cai" de Alfred Hitchcock, "Táxi Driver" de Martin Scorsese e dentre outros, eram os filmes que estavam entrando no circuito. Claro que ainda hoje existem obras que são soberbas, que não se preocupam somente com o êxito de bilheteria. Filmes de diretores que não veem o cinema como um produto comercial, mas sim cultural. 

É aí aonde entra a obra de Martin, e a série derivada destes livros. Muitos passaram a criticar o escritor, depois que viram três personagens importantes do livro ser mortos, de que ele escreve o livro para "chocar". Algo totalmente equivocado de se dizer. A obra de Martin vai além de seus personagens; sua maior preocupação foi com a história a ser contada, em como fazê-la ser melhor. Nunca foi sobre seus personagens. Isso não quer dizer que ele não os ame claro que ama, mas nunca nenhum deles se tornou ou foi maior do que aquilo que ele queria contar. E é incrível e admirável existir hoje em dia alguém assim, que não tem receio em fazer aqueles personagens que escreveu sofrer ou morrer para que sua obra tivesse um desenvolvimento melhor.

Como se os livros por si só já não fosse bem escritos e rico em detalhes, a série é igualmente excelente, e talvez a melhor sendo exibida atualmente. Os roteiristas apresentaram um roteiro extremamente bem elaborado, com falas afiadas e inesquecíveis. Assim como toda a produção. Tudo técnico estava simplesmente perfeito, do começo da cena até o final, onde o silêncio permeou os créditos finais deste episódio. Mas, o que mais foi memorável neste episódio foi a atuação de Richard Madden, Michelle Fairley e Maisie Williams, respectivamente Robb, Catelyn e Arya Stark. O primeiro teve uma atuação contida e sofrida, que com um último olhar lançado para a mãe resumiu toda a dor que ele passara, não só a física, mas a interna de vê sua esposa e filho mortos em sua frente. Já a Maisie, esta pequena atriz que é um achado da HBO, conseguiu transmitir tudo que sua personagem passou naquela cena. Não tem como assimilar as emoções desta cena e não se colocar no lugar da Arya, e a jovem atriz fez isso perfeitamente. 

Mas, acredito eu que a atuação mais inesquecível será a de Michelle Fairley (foto). Uma performance entorpecente. A personagem da atriz que já tinha perdido seu marido decapitado, que acreditou ter pedido seus filhos mais novos, Bran e Rickon, e que acreditava que suas filhas, Arya e Sansa, eram prisioneiras em Porto Real (e a última realmente era), que com um olhar vazio e junto dele um grito viu o seu primogênito morrer. Naquele momento, Catelyn não tinha mais nada, e a sua morte já tinha vindo antes com o suspiro de Robb, o que aconteceu depois foi apenas um detalhe.

"The Rains of Castamere" entrou para a história das séries não só como o episódio mais brutal exibido na televisão, mas sim por ter sido um episódio rico em detalhes, em roteiro, em produção e principalmente em atuações, que não só apresentou espaço para um dos acontecimentos mais marcantes do mundo literal, mas como também teve espaço, sem se mostrar fora do contexto, para o desenvolvimento de outros três núcleos. Um episódio marcante não só porque mostrou uma guerra sem honra, mas também porque foi a primeira vez que a televisão ensinou ao cinema a como se fazer uma obra de qualidade.