Filmes sobre vampirismo nos chamam atenção desde o eterno Drácula de Bram Stoker. Em tempos de Crepúsculo é difícil achar filmes que mostrem a verdadeira essência sobre estes andarilhos da noite, contudo no clássico contemporâneo Deixe Ela Entrar fica claro a presença da mitologia vampiresca para explicar nada mais que o ser humano.
A trama apresenta a história do jovem Oskar (Kåre Hedebrant), um jovem que sofre de Bullying no colégio e que se cansa dessa humilhação. Procurando meios para revidar, ele conhece Eli (Lina Leandersson), uma garota diferente que dividia características comuns com ele. Após uma série de assassinatos que ocorrem por lá, Oskar começa a observar o quanto Eli é diferente e descobre com ela o amor e a vingança.
Lendo a sinopse a ideia que sem tem do longa é que ele irá relacionar o vampirismo e o Bullying, mas não se enganem, o filme vai além desta relação. Está presente cenas de violência contra o Oskar, não são cenas fortes como vimos em sua refilmagem americana Deixe-Me Entrar (que merece ser assistida) e nem em Elefante de Gus Van Sant, mas o filme não se limita a ser um filme sobre o Bullying, até porque o tema é sério e com o elemento fantasioso como o vampirismo, o filme se afasta desta discursão e entra em outro ponto interessante, a adolescência.
O protagonista sofre de uma solidão comum nesta idade, mas no filme quase nem se quer vemos a figura materna e paterna do menino, e isso faz parte de uma estratégia do diretor, para que o expectador sinta a ausência que o protagonista sente, e é quando surge o vampirismo no filme. Eli vem como uma vampira que serve para explicar a adolescência, explicar o ser humano, e o filme é sutil neste aspecto. E o primeiro amor também está presente no filme, mas aqui ele é retratado de forma madura. A química entre os protagonistas Lina Leandersson e Kåre Hedebrant fica evidente em cada cena da película, as atuações dos atores são estupendas, em nenhum momento a carga dramática que lhe são dadas chega a ser artificial nas mãos destes jovens talentosos.
Devo destacar o ambiente e a fotografia que o diretor escolhe para retratar a trama. A fria Suécia cai como uma luva no filme e os objetos avermelhados em cada ambiente, em cada cena, marca a violência. A fotografia é maravilhosa, é belíssima, combinando com a forma lenta em que a história é contada.
Deixe Ela Entrar é um filme marcante, uma produção que consegue prender o expectador, com uma história que fixa na mente da pessoa que assiste. Ao mesmo tempo em que é um arrepiante e verdadeiro filme sobre vampiros, e acaba também sendo uma metáfora para a adolescência. Muitos não irão gostar, porém fica aqui uma criação de uma belíssima obra prima do cinema contemporâneo.
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