terça-feira, janeiro 17, 2012

Crítica do Filme 'A Invenção De Hugo Cabret'

★★★★★ O Cinema Paradiso de Scorsese!
 
Em 1988 chegava aos cinemas a obra mais apaixonante e comovente sobre a sétima arte, o belíssimo Cinema Paradiso. Se a obra de Giuseppe Tornatore é uma declaração de amor, A Invenção de Hugo Cabret, de Martin Scorsese, é um lembrete poderoso sobre a magia do cinema.

A história acompanha Hugo (Asa Butterfield), um garoto de 12 anos que vive em uma estação de trem em Paris no começo do século 20. Seu pai (Jude Law), um relojoeiro que trabalhava em um museu, morre momentos depois de mostrar a Hugo a sua última descoberta: um androide, sentado numa escrivaninha, com uma caneta na mão, aguardando para escrever uma importante mensagem. O problema é que o menino não consegue ligar o robô, nem resolver o mistério.

Baseado no livro de Brian Selznick, o livro e o filme são uma referência a clássicas a obras de Charlie Chaplin, François Truffaut e, principalmente, Georges Méliès. A adaptação do livro veio no ano certo, como o ano do cinema é de nostalgia, com obras como O Artista, Cavalo de Guerra, Histórias Cruzadas, o filme é uma ilustra história sobre o cinema. Em termos técnicos, o primeiro filme de Scorsese em 3D é maravilhoso. Desde a primeira cena, com uma belíssima Torre Eiffel, tudo é muito bonito e feito de forma cuidadosa, mostrando uma Paris dos anos 30, nos transportando para o universo nostálgico inspirado pela Belle Époque parisiense.

O filme não se trata apenas de uma singela homenagem ao cinema, possui também uma história marcante entre dois meninos órfãos que acabam se tornando grandes amigos. Asa Butterfield, o menino de incríveis olhos azuis, interpreta Hugo de maneira comovente. Passa com sinceridade as emoções de Hugo, seja chorando a morte do pai ou pelo simples fato de estar dentro do cinema. É um ator que ainda tem muito chão pela frente, mas curiosamente é pouco conhecido, é mais lembrado pelo agora cult O Menino do Pijama Listrado, mas provavelmente depois deste papel, ficará muito conhecido e quem sabe o veremos em mais papéis.

A talentosa Chloë Moretz interpreta Isabelle, a menina apaixonada por livros e amiga de Hugo. Moretz consegue mais uma atuação espetacular. Diferente de seus personagens em Kick Ass e Deixe-Me Entrar, Isabelle é uma menina curiosa e aventureira, mesmo tendo só se aventurado nas páginas dos livros que tanto ama ler. Com um sotaque britânico de fazer inveja a Angelina Jolie, Chloe acaba se revelando ser uma das melhores atrizes da atualidade e prova sua competência e versatilidade em escolher seus papéis.

Sir Ben Kingsley está formidável como o lendário Georges Méliès. Incrível como todas as interpretações de Kingsley são dignas de prêmios e por mais que tenha sido esquecido, assim como o jovem Ezra Miller de Precisamos Falar sobre Kevin, não deixa de estar formidável, e mais parece um desfalque seu nome não constar na lista de indicados aos prêmios. O ator dá vida a um Méliès desiludido e meio rabugento, mas que aos poucos se revela ser um grande e apaixonante idoso, cheio de historias para contar. É um personagem biográfico de grande importância para o cinema e somente este ator poderia interpretá-lo de forma brilhante.

Cinema Paradiso de Tornatore é a mais bela homenagem ao cinema. Contudo, A Invenção De Hugo Cabret de Scorsese é uma história sobre o cinema, uma carte de amor de um diretor apaixonado, trazendo em suas cultuadas duas horas de filme, um tesouro de clipes de filmes mudos, homenageando grandes nomes do cinema. Ambos os filme são um presente para todos os apaixonados pela sétima arte, pois todos nós, amantes do cinema, temos um pouco do Totó e Hugo em nossos interiores.

Um comentário:

  1. Eu assisti o filme por causa do globo de Ouro e fiquei fascinada. Meu favorito de todos os filmes que vi.

    Adorei sua crítica. Falou sobre tudo o que precisava.

    Adorei o blog.

    @carissinha
    http://artearoundtheworld.blogspot.com

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