segunda-feira, dezembro 17, 2012

Crítica: O Hobbit: Uma Jornada Inesperada 3D

★★★★★ Sejam Bem Vindos, novamente, à Terra Média!

Depois de quase nove anos desde o lançamento de Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei, Peter Jackson retorna ao mundo fantástico criado por Tolkien com a adaptação de O Hobbit, livro que antecede a história de Frodo, Sam, Aragorn, Legolas e companhia. Depois de algumas complicações envolvendo a adaptação e a tão criticada técnica High Frame Rate (48 fps) utilizada por Jackson no filme, que infelizmente não pude conferir, agora podemos celebrar a conclusão do longa, que ainda terá duas continuações: O Hobbit: A Desolação de Smaug (2013) e O Hobbit: Lá e de Volta Outra Vez (2014).

Bilbo Bolseiro (Martin Freeman) vive uma vida pacata no condado, como a maioria dos hobbits. Um dia, aparece em sua porta o mago Gandalf, o cinzento (Ian McKellen), que lhe promete uma aventura como nunca antes vista. Na companhia de vários anões, Bilbo e Gandalf iniciam sua jornada inesperada pela Terra Média. Eles têm por objetivo libertar o reino de Erebor, conquistado há tempos pelo dragão Smaug e que antes pertencia aos anões. No meio do caminho encontram elfos, trolls e, é claro, a criatura Gollum (Andy Serkis) e seu precioso anel. 

Peter Jackson sabe tratar os personagens criados por Tolkien com carinho e respeito. Cada detalhe do mundo criado pelo escritor não foi menosprezado nesta primeira parte de mais uma trilogia dedicada à Terra Média. Pudemos notar que durante as 2 horas e 45 minutos do filme, Jackson não possui pressa ao contar o que é pouco menos da metade do livro. Tudo no filme é apresentado de forma lenta, das canções dos anões até as batalhas, seja para apresentar este universo para uma nova geração, ou simplesmente para reinserir o espectador antigo naquele universo. A narrativa começa quase que no mesmo momento que A Sociedade do Anel, com Bilbo (Ian Holm) e Frodo (Elijah Wood) às vésperas da festa de aniversário/despedida. O roteiro é bastante divertido e leve, diferente do roteiro de O Senhor dos Anéis, apesar de em alguns momentos ele ser intensificado, afinal este é o filme que antecede a obra prima de Tolkien. Infelizmente, acredito que para a obra ser realmente perfeita poderiam ter enxugado uns 20 minutos de projeção. Existem cenas que se estendem demais, e acredito que não havia necessidade da extensão em algumas delas.

O filme conta com um trabalho brilhante de produção e de design de produção. Começando pela caracterização dos 13 anões que são um show a parte. Apesar de parecidos fisicamente, cada um tem sua própria característica e personalidade, cada qual com a sua função. Os cenários, os figurinos e a maquiagem são maravilhosos, e conseguem serem ainda mais surpreendente que a da trilogia anterior. A fotografia de Andrew Lesnie, vencedor do Oscar por A Sociedade do Anel, são brilhantes. As cenas de tomadas aéreas conseguem superar, mais uma vez, a trilogia anterior. Os efeitos especiais, assim como o 3D, surpreendem e não seria estranho mais um filme da Terra Média receber uma indicação ao Oscar nesta categoria. Infelizmente as cópias (exceto uma) que chegaram ao Brasil foram as dos 24 fps, a velha técnica tradicional de gravação. Estava curiosa para conferir a versão dos 48 fps, que tem como objetivo tornar os movimentos mais perfeitos e dar mais nitidez a cenas de ação rápida, ou seja, deve dar mais perfeição às cenas. Alguns críticos que assistiram a versão "original" do longa, reclamaram do realismo da obra, já outros afirmam que é uma experiência surpreendente, uma pena a Warner não ter trazidos cópias para serem exibidas em pelo menos alguns estados brasileiros.

Os fãs dos três filmes anteriores, assim como eu, ficarão felizes em ver caras conhecidas como Ian McKellen, Hugo Weaving, Cate BlanchettElijah Wood e Christopher Lee, que apesar de aparecerem pouco em cena, já faz abrir um sorriso largo de quem uma vez já os acompanhou no cinema, lá em 2001, com A Sociedade do Anel. Mas, de todos os atores quem mais se destaca é o sempre ótimo Martin Freema, que parece ter nascido para interpretar Bilbo. As melhores cenas são sempre quando o ator esta presente. Como quando Bilbo encontra Gollum (Andy Serkis), onde temos o momento das melhores atuações no longa-metragem. Repito novamente, Andy Serkis merecia concorrer as indicações de melhor ator nas maiores premiações do cinema, seu trabalho como Gollum e tantos outros personagens que utilizam a técnica de captura de movimento são incríveis, e na minha opinião é uma atuação, igual ou superior, a qualquer outro ator que não utilize a técnica. O personagem de Serkis, que está ainda mais impressionante que há nove anos, aparece rapidamente em cena, mas é o suficiente para despertar o carinho e sorrisos por parte do espectador.

O Hobbit: Uma Jornada Inesperada é um presente para qualquer fã de Tolkien. Dá arrepios encontrar novamente na tela grande caras/personagens conhecidos, e quem nunca teve contato com o universo tolkeriano pode considerar o filme uma "ponte" para a trilogia antiga. O Hobbit está longe de chegar perto do grau de perfeição da trilogia Senhor dos Anéis, o filme chega com uma inovação que seu antecessor não possuía, mas que infelizmente só poderá ser avaliada com o passar dos anos, mas graças a Peter Jackson, estamos de volta a Terra-Média e com um sorriso no rosto. Agora é esperar até Dezembro de 2013 com "A Desolação de Smaug". “Far over the Misty Mountains cold...

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