domingo, novembro 18, 2012

Crítica: Amanhecer - Parte 2 (2012)

★★ Franquia chega ao fim, e junto dela mais um filme frustrante!

A Saga Crepúsculo, a tão famosa obra de Stephenie Meyer, que segundo ela a inspiração veio num sonho, acabou conquistando fãs ao redor mundo. Finalmente chega a sua tão aguardada conclusão "épica" com Amanhecer - Parte 2, contudo o que surge na tela soa como enrolação e pretexto para que os fãs possam consumir mais outro filme da saga, entregando se não o pior filme, pelo menos entrega o filme mais frustrante.

Após dar a luz a Renesmee (Mackenzie Foy), Bella Swan (Kristen Stewart) desperta vampira. Ela agora precisa aprender a lidar com seus novos poderes, assim como absorver a ideia de que Jake (Taylor Lautner), seu melhor amigo, teve um imprinting com a filha. Devido ao elo existente entre eles, Jake passa a acompanhar com bastante atenção o rápido desenvolvimento de Renesmee, o que faz com que se aproxime cada vez mais dos Cullen. Paralelamente, Aro (Michael Sheen) é informado por Irina (Maggie Grace) da existência de Renesmee e de seus raros poderes. Acreditando que ela seja uma ameaça em potencial para o futuro dos Volturi, ele passa a elaborar um plano para atacar os Cullen e eliminar a garota de uma vez por todas. 

Amanhecer – Parte 2 começa exatamente onde terminou o último filme, e com isso surge o primeiro problema desta conclusão. O sentimento de que o filme foi prolongado além do que deveria, para render dois filmes, causa desconforto. Nos filmes anteriores tinha toda a questão da castidade e uma preocupação da menina não se tornar vampira para aproveitar a sua vida humana, mas se não tem mais estas duas questões a que recorrer, porque prolongar a conclusão da saga? O roteiro, que já não remete mais a estes dois "problemas" que rodearam a vida humana de Bella desde que conheceu Edward, nos entrega diálogos previsíveis, cheios de piadinhas que nadam acrescentam a saga. O que sobra neste filme poderia ter sido concluído em Amanhecer - Parte 1. Outro problema deste capítulo final é o show de vampirinhos que possuem o mesmo DNA mutante dos X-Men. O ponto principal e mais interessante deste último filme são os super-poderes individuais dos vampiros, e o roteiro peca em não explicar, preferindo apenas exibi-los, o que é frustrante, diga-se de passagem. 

Um dos problemas típicos que ainda persistem neste filme são os péssimos efeitos especiais. Questionei seriamente, durante os 110 minutos de projeção, o quão difícil seria escolher atrizes reais para interpretar a filha de Bella até o momento em que a atriz Mackenzie Foy pudesse entrar em cena. Mas, como a ideia não passou pela mente do diretor ou da própria Meyer, que agora atua no cargo de produtora do filme, somos obrigados a assistir meninas digitalmente modificadas para ficarem parecidas facilmente com Foy. Chega a ser um alívio quando a fofinha aparece em cena, ainda que não possua falas. Mas, o pior deste capítulo não é o péssimo e previsível roteiro, seus efeitos especiais, ou a quantidade de atores e atrizes desprovidos de qualquer talento, mas sim o seu desfecho final, que não trata e nem respeita a inteligência de seu público. A conclusão é tão frustrante, que deixa um dos clichês mais antigos do cinema se tornar a pior das ideias inventadas. 

Nem tudo no filme é negativo, uma vez que Kristen Stewart entrega a sua melhor atuação na saga. Stewart, que é uma boa atriz em outros papéis, não conseguia fazer um trabalho competente nos quatro últimos filmes da saga. A sua personagem, em sua fase humana, é muito mal elaborada, então ficava difícil a atriz mostrar um trabalho competente. Mas, neste filme, depois de viver dezoito anos de mediocridade como uma homo sapiens, Bella finalmente encontra a sua razão de viver, e não é passar a eternidade com o seu amado sanguessuga brilhante, mas sim ter sido destinada a ser uma vampira. Ainda como vampira a personagem é todo um retrocesso literário, e não consigo imaginar como tantas meninas a tomam como heroína, sendo que existem tantas outras muito mais inteligentes e com propósito de vida muito melhor, do que passar a eternidade ao lado de seus vampiros luminosos. O que fica aqui é Bella não era a única destinada a ser uma vampira, mas que também estava escrito no destino de Stewart que sua melhor atuação na saga seria também como uma.

Infelizmente o mesmo não pode ser dito por Robert Pattison. O personagem pode até ter sido beneficiado com a Bella vampira, já que Edward se mostra um pouco mais solto e engraçado, reagindo melhor às situações, mas o seu intérprete continua sendo ume péssimo ator. Me surpreende que uma saga, que tem como base os sentimentos no sentido geral da palavra, tenha escolhido dois péssimos atores para ser seus dois protagonistas masculinos. A sua atuação caricata, com a mesma inexpressividade dos quatro longas anteriores e dos demais filmes que o mesmo atua é cansativa. Ainda continuo sem entender como um ator tão ruim consegue papéis em filmes com roteiros interessantes e diretores talentosos. Talvez o diretor ou estúdio o contratem por marketing, uma vez que filmes com seu nome acabam levando expectadores para assisti-los, mas ainda assim não consigo ver isso como marketing positivo, se ao menos sua atuação fosse razoável.

Para completar a trinca de protagonistas da saga de Meyer, temos Taylor Lautner, com o papel mais perturbador da sua carreira. Nesta conclusão épica, Jacob "esquece" o que sentia por Bella, e ativa o modo on da pedofilia ao ter o famoso imprinting por Nessie, a quem chama carinhosamente a filha de Bella, uma garotinha de apenas dez anos de idade. Já é perturbador o bastante vê-lo cheio de cuidados com a menina, mas consegue beirar ao desconforto vê-lo chamando Edward de "papai" depois de descobrir que poderá viver seu grande amor, com quem não possui um terço de química que possuía com Stewart, já que a fofinha viverá por muitos anos. As melhores cenas do ator são nos seus momentos de comédia, em especial quando o Lautner resolve dá uma dos meninos de Magic Mike, e tira suas roupas na frente do pai de Bella, revelando-se ser um lobinho, para assim que Nessie e toda sua família não tenham que se mudar.

Mas, mesmo depois de tanta coisa negativa vista em todos os últimos quatro longas da saga, confesso que esperava que neste filme fosse justificada a presença de Dakota Fanning, o que infelizmente não aconteceu. A atriz não possui falas, exceto a palavra "dor", e quando aparece em cena nada faz, mesmo que sua personagem tenha um dos poderes mais interessante de todos os vampiros com DNA dos X-Men. Poderiam ter escolhido qualquer sub-atriz para dá vida a sua personagem, uma vez que a saga inteira é estrelada por sub-atores e sub-atrizes (exceto Stewart). Entre a sua presença que nada faz, a não ser lembrar que Dakota fez parte da saga, e a atuação de outra qualquer, preferiria outra atriz, assim pouparia a vergonha alheia de assistir uma atriz relativamente com talento em um filme que nada contribui para o cinema. Outra presença que não é justificada na saga é a do ótimo Michael Sheen, que entrega uma atuação ainda mais caricata que a do próprio Pattison, uma pena.

A Saga Crepúsculo finalmente chega a seu capítulo final. Muitos irão fazer uma festa porque não terão mais que vê o trio de personagens na telona, enquanto outros irão chorar por este ter sido o último filme da saga, apesar do mesmo prestar uma homenagem aos seus apaixonados e fieis fãs. Mas, infelizmente o que prevalece nesta conclusão final é apenas mais um filme insatisfatório da saga. E eu ainda estava achando que iria ser tão engraçado quanto a Parte 1.

Um comentário: